quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Memórias




                                          Primeira Comunhão Cecília
                                          Grupo de acolhimento criado e treinado por ela - Festa de cinco Cantos
                                          Nossa Senhora da Conceição
                                          Fernandinha - Até o Padre ficou encabulado com o sorriso dela.

                                         As três Marias - Olho para o céu e vejo as três Marias

Ouvi dizer que não se preocupava com muita coisa era sempre o normal, o que gosto mesmo de fazer é criar, sorrir e ver as pessoas felizes. Tinha,  porém, uma coisa que não gostava de jeito nenhum. Ao colocar a comida na mesa, começava a chamar a todos e todos tinham que está presente logo quando ela chamava e dizia: Tenho muita raiva quando fico chamando esse povo para a mesa e demoram, eu já estou sentada e ninguém chega, sendo assim não vou chamar mais não...mas logo em seguida, começava tudo de novo; chaguinhaaaaaaaa, Maria Clara........Cecília.....Chiquinha......e as meninas que estavam sempre presente e quando faltavam, falo das crianças vizinhas, dizia:Cecília vá chamá-las porque estou sentindo falta delas. Na realidade em tudo fazia como se fosse uma brincadeira de bom gosto e com uma alegria sem precedentes, ou  seja criada para cada momento.
Em tempos passados morando em Acari, era a mesma a coisa, achava pouco e da nossa casa gritava para os vizinhos, pessoas que todos nós queríamos uma boa aproximação. Gritava de lá; avisa a criançada que hoje tem lasanha, com refrigerante e não dava outra a casa se enchia de crianças. Mas também quando não dava para fazer algo melhor, da mesma forma, gritava: hoje tem cuscuz, com bife do oião quem quer.....ai completava: vixe, hoje sei que não vai vir ninguém... que nada de repente a casa enchia-se novamente de crianças e era aquela festa, mexia com um e com outro, brigava quando algo não estava dentro dos padrões da educação, principalmente quando algum deles queria humilhar um outro coleguinha.
Quanto mais adulta ficava, já completando 40 anos que seria no dia 01/01/2012,  tornava-se mais uma criança. Deliciava-se em fazer piqueniques com os seus alunos, convocava outras professoras para fazerem junto com elas um dia de lazer com os alunos e sempre era aquela festa. O mais importante é que ao chegar  em casa compartilhava comigo tudo o que as crianças faziam, o que elas aprenderam e o mais importante o que tinha prendido com elas.
Mais tarde e já bem perto de sua partida, encontrei-a sentada num local aberto no muro da nossa casa, e com o dedo indicador, olhando para o céu às nuvens fazia contornos como se estivesse escrevendo algo. Perguntei o que estava fazendo e me e respondeu: estou me lembrando dos tempos de crianças quando ficava procurando desenhos nas nuvens, e quando não os  encontro eu mesmo faço. Respondi com palavras de agrado: bom, basta, pensei que o doido aqui seria apenas eu....e ela sorriu e disse então somos iguais.
Na realidade seus últimos dias foram como se uma preparação em sinais vivos de sua missão terminada aqui conosco e que continuaria no plano Divino, dava-se por satisfeita em toda felicidade que encontrou junto com todos nós, família, amigos, alunos, e as coisa mais simples, como por exemplo: discutir com uma amiga ao telefone em como a melhor maneira de se fazer uma boneca de pano.
Esse escritos em forma de poema,  descobri a pouco quando resolvi abrir suas pastas no computador e é de uma pureza sem limite, de alguém que sente-se feliz, até mesmo vendo as marcas nas mãos de Cristo, porque tudo tem o seu fundamento. Certamente diria: foi por essas feridas que fomos resgatados...

No Jardim das crianças...

Ainda ontem no Jardim de Infância, sonhei, corri, aprendi... Nos primeiros anos, a dinâmica da dança das letras, mágica junção de códigos ali começamos a desmistificar, a significar... E assim, devagarzinho, descobri que já sabia, e lia as palavras que minha professora me ensinava.
Ainda ontem no Jardim de Infância, tão bela pequenez, tão infantil brincadeiras, sem recursos, mas com vontade...
Sem medos, mas com respeito...
Sem violência, mas com amor.
Ainda ontem no Jardim de Infância, lembro dos amigos, dos prédios, das cadeiras e  do caderno...
Há o caderno...
Minha mão pequenina e o caderno que parecia menor ainda...
Sem muito espaço, mas era feliz...
Ainda ontem no Jardim de Infância...
Os lápis coloridos também pequeninos,
Mas que coloriam flores, casas, animais,
E traziam em minha imaginação o bailado das meninas, dos meninos, das ruas,
Dos carros, dos espaços, nuvens, estrelas e céu.
Ainda ontem no Jardim de Infância
Ficava a me imaginar grande
Como a vizinha de 10 anos e que já se ia sozinha
A professora encontrar...
Ainda ontem no Jardim de Infância, sonhava sonhos,
Que hoje os guardo na memória,
Uns realizei, outros, esqueci...
E o maior de todos...
Sou eu de volta ao Jardim das crianças,
Agora, sonhando com elas, aprendendo com elas...

Gilza Medeiros


  

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