sábado, 5 de janeiro de 2013

Memórias Vivas.


                          Aos 15 anos de idade.

Dos teus olhos brotavam fecundos,
O brilho do amor divinal.
Dos teus lábios, voz silente e macia,
Silêncio, harmonia ... um canal.

A  vida é um mistério tão forte que às vezes, paro para pensar e me pergunto. De que adianta buscar tanto, querer  vencer a qualquer custo, e que vitória seria essa...
Em tudo isso resumidamente, apenas me vem uma máxima muito forte que o Senhor Jesus, O Deus Conosco, tudo preparou até mesmo com relação a isso.
“ aquele que tentar salvar sua própria vida, perdê-la-á....
“deixe então que os dias cuidem dos seus próprios males...
Sinto uma necessidade forte em registrar toda a nossa história de convivência, desde o primeiro  momento em que nos encontramos até os dias de hoje, como uma forma de deixar para todos aqueles que vivem em união, ou até mesmo em desunião possam extrair lições para obter fortaleza na fé ou aprendizado naquilo que lhe seria necessário.
O fato é que nunca imaginei que poderia viver uma história tão bela, tão cheia de aprendizado, de crescimento e mansidão, digamos assim, um estado de nirvana, ainda na terra, um desapego, um ponto final, uma reticência na continuidade da vida, ainda que mesmo durante o sono.
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – João 5 – 24 .
- 1984/1988, trabalhava no Banco do Brasil em Caicó-RN, casado, três filhos, Raphael, Vitor e Ariane. Entre todos os funcionários sempre tivemos um respeito de uma família e assim denominávamos de família Bancária. Ao quadro de pessoal integravam-se os menores estagiários, alunos de escola que detinham boas notas e eram escolhidos em provas e entrevistas. E no meio deles, estagiários, estava Gilzinha, assim como todos a chamavam de forma carinhosa. Nunca tivemos  quaisquer aproximação, nem mesmo através de ordens de serviço ou outras formalidades.Mas o fato é que de ouvir falar,  que certa vez ela tinha visto um gatinho ter sido atropelado em frente a agência do Banco e chorou muito em ter presenciado o atropelamento. Para muitos seria um caso em que nem sequer chamaria a atenção, mas para ela da forma como soube do seu transtorno, tornava-se uma verdadeira sensibilização de piedade e de revolta talvez.
Fui transferido para a agência de Acari e lá tentando aquietar-me com meus problemas particulares, procurar uma convivência familiar ou junto aos amigos, colegas de esportes e entre outros trabalhos sociais para suprir com dedicação um vazio que me cobrava interiormente.  Iniciamos naquela época a criação e instalação da Associação Cultural Maestro  Felinto Lúcio Dantas, a qual deu origem a Filarmônica Felinto Lúcio Dantas e aquilo para mim era como uma fortaleza ou seja servir a comunidade com voluntariedade.
- 1992, já separado com três filhos,  convivia solteiro em orgias, vaquejadas, festas, etc.
Certa vez, cansado da vida em que levava, cheguei  em casa no meio da madrugada e me confessei ao Meu Deus e disse: Senhor, estou cansado...esta não é a vida que gostaria de levar por muito tempo, sou uma pessoa que somente serei feliz com uma família bem constituída, preciso sentir a felicidade de chegar em minha própria casa e assim dizer; Eu e minha casa serviremos ao Senhor... Mostra-me Senhor uma pessoa que possa viver com honra, com dignidade, felicidade e aos teus serviços...
Adormeci, e com certo tempo, não posso precisar o tempo, acordei e fui vendo pelos meus olhos espirituais uma fotografia e uma mulher linda, um sorriso lindo, cabelos castanhos que caia sobre seus ombros e aquela imagem ficou gravada na minha mente que mal fechava os olhos e já a reconhecia, mas, claro sem saber de quem se tratava. Cheguei a confundir com mais duas pessoas que se parecia muito com ela, mas apenas com uma delas tive contato direto, mas sentia que não era quem  buscava, aquela que tinha sido me mostrado em visão e em uma  única vez.
E o tempo passou, era tesoureiro da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, época em que fizemos uma revolução de liberdade em favor da Justiça de Deus dentro da Paróquia e tive que enfrentar uma verdadeira batalha em prol da missão que o Senhor Deus assim me confiou. Essa é uma longa história que prefiro deixar a margem para me ater somente aos relatos a que me propus. O padre Deoclides,  meu particular amigo, confidente, que assim posso chamá-lo de terceiro pai, porque nunca encontrei uma pessoa depois dele que tivesse tão grande amor pelo próximo, mesmo que parecesse em muitas vezes aquela pessoa de difícil convivência, estava a completar ano e fazer seu aniversário que tinha como zelo, para celebrar rendendo Graças a Deus. Na verdade, ele não comemorava seus anos de idade, mas sim porque era mais um ano de sacerdócio.
No dia anterior ao aniversário, algo me falou muito forte no meu coração, sei lá, não dá para explicar esse tipo de voz misteriosa, não sei se voz, mas um sentimento forte que não  deixa qualquer dúvida da sua autenticidade. E, sabia que naquela noite, encontraria uma pessoa que mudaria o rumo da minha vida, mas até então, não sabia de quem se tratava.
A  noite me preparei e fui a festa de aniversário do padre Deó. Ao chegar lá, fiquei na entrada,  encostado no portão de ferro sem querer entrar e disse para mim mesmo:  Se realmente isso for verdade, virá até aqui onde estou. Ora encontrar algo no invisível quem assim não temeria...  
De fato surgiu na porta de entrada da casa, aquela criaturinha pequena, um vestido  azul não sei explicar o manequim, pois nunca entendi nada disso e nem pretendo. Mas o fato é que quando a vi, disse nos meus pensamentos: Mas que danadinha bonitinha...
Veio em minha direção com Elisângela, uma menina que morava na casa paroquial e ela foi logo perguntando a Elisãngela quem eu era, ai então descobriu que se tratava de Chaguinha, funcionário do Banco do Brasil, que tinha trabalhado em Caicó, mas eu nada sabia  porque não lembrava mais e nem sequer poderia imaginar de quem se tratava.
Ela falou: Oi lembra-se de mim, eu sou Gilzinha, trabalhei no Banco em Caicó, e agora eu já sou uma mulher(queria dizer que já tinha crescido e já era uma pessoa adulta), sorri porque me pegou de surpresa,  mas resolvi seguir os planos de Deus, deixa ser como Tu queres e não como eu quero.
A partir daí, tomou conta de mim, sentamos num canto, fez meu prato nem precisei me levantar e ficamos conversando até o momento em que teria que  viajar novamente para Caicó. Nos  reconhecemos e nada mais que isso.
Fiquei um pouco com receio não nego, linda, educada, idade 19 anos, essa altura eu tinha 33 anos e achava até que tudo parecia um encontro casual, sem expressão mais forte.
Convidou-me para a festa da Rádio Rural, porque trabalhava como locutora fazendo programas e jornais falados, e mesmo assim não  fui, preferindo as vaquejadas. Não desistiu,  ligou para mim, me desculpei sem acreditar no que estava acontecendo. Até que  certo dia fui a uma vaquejada em Caicó, e ela simplesmente entrou na pista onde nos deslocamos para os bretes, passou por baixo da cerca entre uma madeira e outra,  abriu os braços e disse: Estava te esperando meu vaqueiro, mesmo sabendo que você não viesse.
Daí,  então resolvi aceitar, abrir meu coração e deixar o que fosse plantado uma semente desconhecida até então por mim,  preparou o terreno ,plantou uma semente tão pura dentro de mim, que passei a tratar, regar e ver essa planta chamada amor de Deus crescer dentro de nós.
Suas qualidades seriam se quisesse,  a escrita, poesias, contos, relatos, enfim, deliciava-me em ler os seus trabalhos que se perderam no tempo, apesar de guardá-lo durante tanto tempo, quem sabe um dia encontro entre meus guardados, dificilmente eu sei.
Passou a freqüentar mais Acari, porque fazia trabalhos nas paróquias da  Diocese, mas sua parada era a casa de Deó, porque também o tinha como um pai para ela. Recebemos a autorização de Deó para começarmos um namoro que, mesmo que policiado sempre buscamos nossa identidade.
Até que certo dia, a mãe de criação dela, uma Senhora tradicional de linha dura,  mas que a amava de uma forma muito especial aquela criatura, assim como ela era amada por todos com um carinho que as vezes até duvidava da minha real identidade harmônica de casal, as vezes achava que não poderia dar tudo que ela buscava, mas algo mais especial nos atraía, éramos como verdadeiros, amigos, irmãos, namorados, parceiros, sei lá, esquisito mesmo e sem explicação.
Dona Rita me perguntou: Quais as suas intenções com a minha filha, mesmo que somente fosse filha adotiva, assim disse e respondi: Dona Rita, sabe que às vezes tenho medo, algo me aconteceu assim, como relatei no  início  sobre a visão, e não nego nem eu mesmo sei, por isso peço a Senhora para me orientar.
Ela me respondeu, você tem a minha benção, mas vou lhe pedir uma coisa, respeite-a  em todos os sentidos e me contou a história dela como se processou a sua criação e senti que realmente havia algo de especial. Bom, vou me deixar  levar , fazer o quê...
A partir daí começamos a pensar em como estabelecer uma convivência, motivo pelo qual procuramos juntos a sua família  biológica que hoje mantemos um relacionamento familiar, como se já nos conhecêssemos há tempos, pessoas ótimas, que tenho muita admiração pela  minha sogra e seus irmãos e irmãs.
Em 31 de julho de 1993, firmamos nossa união depois de ter visitado o padre Deó e recebido sua benção e mais tarde busquei a presença do Bispo, junto com o Padre Deó e ele Deó tratou do assunto e assim, iniciamos uma verdadeira história que culminará com os fatos atuais, mas faço questão de cavalgar a cada passo para vencer os meus medos e indefinições de um futuro que apenas o Senhor Deus pode dar consecução ou continuidade a essa  história, talvez...

 Continua....
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário