Aos 15 anos de idade.
Dos teus olhos brotavam fecundos,
O brilho do amor divinal.
Dos teus lábios, voz silente e macia,
Silêncio, harmonia ... um canal.
A vida é um mistério tão forte que às vezes, paro
para pensar e me pergunto. De que adianta buscar tanto, querer vencer a qualquer custo, e que vitória seria
essa...
Em tudo isso resumidamente,
apenas me vem uma máxima muito forte que o Senhor Jesus, O Deus Conosco, tudo
preparou até mesmo com relação a isso.
“ aquele que tentar salvar
sua própria vida, perdê-la-á....
“deixe então que os dias
cuidem dos seus próprios males...
Sinto uma necessidade forte
em registrar toda a nossa história de convivência, desde o primeiro momento em que nos encontramos até os dias de
hoje, como uma forma de deixar para todos aqueles que vivem em união, ou até
mesmo em desunião possam extrair lições para obter fortaleza na fé ou
aprendizado naquilo que lhe seria necessário.
O fato é que nunca imaginei
que poderia viver uma história tão bela, tão cheia de aprendizado, de
crescimento e mansidão, digamos assim, um estado de nirvana, ainda na terra, um
desapego, um ponto final, uma reticência na continuidade da vida, ainda que
mesmo durante o sono.
“Na verdade, na verdade vos
digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida
eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – João 5 –
24 .
- 1984/1988, trabalhava no
Banco do Brasil em Caicó-RN, casado, três filhos, Raphael, Vitor e Ariane.
Entre todos os funcionários sempre tivemos um respeito de uma família e assim
denominávamos de família Bancária. Ao quadro de pessoal integravam-se os
menores estagiários, alunos de escola que detinham boas notas e eram escolhidos
em provas e entrevistas. E no meio deles, estagiários, estava Gilzinha, assim
como todos a chamavam de forma carinhosa. Nunca tivemos quaisquer aproximação, nem mesmo através de
ordens de serviço ou outras formalidades.Mas o fato é que de ouvir falar, que certa vez ela tinha visto um gatinho ter
sido atropelado em frente a agência do Banco e chorou muito em ter presenciado
o atropelamento. Para muitos seria um caso em que nem sequer chamaria a
atenção, mas para ela da forma como soube do seu transtorno, tornava-se uma
verdadeira sensibilização de piedade e de revolta talvez.
Fui transferido para a
agência de Acari e lá tentando aquietar-me com meus problemas particulares, procurar
uma convivência familiar ou junto aos amigos, colegas de esportes e entre
outros trabalhos sociais para suprir com dedicação um vazio que me cobrava
interiormente. Iniciamos naquela época a
criação e instalação da Associação Cultural Maestro Felinto Lúcio Dantas, a qual deu origem a Filarmônica
Felinto Lúcio Dantas e aquilo para mim era como uma fortaleza ou seja servir a
comunidade com voluntariedade.
- 1992, já separado com três
filhos, convivia solteiro em orgias,
vaquejadas, festas, etc.
Certa vez, cansado da vida
em que levava, cheguei em casa no meio
da madrugada e me confessei ao Meu Deus e disse: Senhor, estou cansado...esta
não é a vida que gostaria de levar por muito tempo, sou uma pessoa que somente
serei feliz com uma família bem constituída, preciso sentir a felicidade de
chegar em minha própria casa e assim dizer; Eu e minha casa serviremos ao
Senhor... Mostra-me Senhor uma pessoa que possa viver com honra, com dignidade,
felicidade e aos teus serviços...
Adormeci, e com certo tempo,
não posso precisar o tempo, acordei e fui vendo pelos meus olhos espirituais
uma fotografia e uma mulher linda, um sorriso lindo, cabelos castanhos que caia
sobre seus ombros e aquela imagem ficou gravada na minha mente que mal fechava
os olhos e já a reconhecia, mas, claro sem saber de quem se tratava. Cheguei a
confundir com mais duas pessoas que se parecia muito com ela, mas apenas com
uma delas tive contato direto, mas sentia que não era quem buscava, aquela que tinha sido me mostrado em
visão e em uma única vez.
E o tempo passou, era
tesoureiro da Paróquia de Nossa Senhora da Guia, época em que fizemos uma
revolução de liberdade em favor da Justiça de Deus dentro da Paróquia e tive
que enfrentar uma verdadeira batalha em prol da missão que o Senhor Deus assim
me confiou. Essa é uma longa história que prefiro deixar a margem para me ater
somente aos relatos a que me propus. O padre Deoclides, meu particular amigo, confidente, que assim
posso chamá-lo de terceiro pai, porque nunca encontrei uma pessoa depois dele
que tivesse tão grande amor pelo próximo, mesmo que parecesse em muitas vezes
aquela pessoa de difícil convivência, estava a completar ano e fazer seu
aniversário que tinha como zelo, para celebrar rendendo Graças a Deus. Na
verdade, ele não comemorava seus anos de idade, mas sim porque era mais um ano
de sacerdócio.
No dia anterior ao
aniversário, algo me falou muito forte no meu coração, sei lá, não dá para
explicar esse tipo de voz misteriosa, não sei se voz, mas um sentimento forte
que não deixa qualquer dúvida da sua
autenticidade. E, sabia que naquela noite, encontraria uma pessoa que mudaria o
rumo da minha vida, mas até então, não sabia de quem se tratava.
A noite me preparei e fui a festa de aniversário
do padre Deó. Ao chegar lá, fiquei na entrada, encostado no portão de ferro sem querer entrar
e disse para mim mesmo: Se realmente
isso for verdade, virá até aqui onde estou. Ora encontrar algo no invisível
quem assim não temeria...
De fato surgiu na porta de
entrada da casa, aquela criaturinha pequena, um vestido azul não sei explicar o manequim, pois nunca
entendi nada disso e nem pretendo. Mas o fato é que quando a vi, disse nos meus
pensamentos: Mas que danadinha bonitinha...
Veio em minha direção com
Elisângela, uma menina que morava na casa paroquial e ela foi logo perguntando
a Elisãngela quem eu era, ai então descobriu que se tratava de Chaguinha,
funcionário do Banco do Brasil, que tinha trabalhado em Caicó, mas eu nada
sabia porque não lembrava mais e nem
sequer poderia imaginar de quem se tratava.
Ela falou: Oi lembra-se de
mim, eu sou Gilzinha, trabalhei no Banco em Caicó, e agora eu já sou uma
mulher(queria dizer que já tinha crescido e já era uma pessoa adulta), sorri
porque me pegou de surpresa, mas resolvi
seguir os planos de Deus, deixa ser como Tu queres e não como eu quero.
A partir daí, tomou conta de
mim, sentamos num canto, fez meu prato nem precisei me levantar e ficamos
conversando até o momento em que teria que viajar novamente para Caicó. Nos reconhecemos e nada mais que isso.
Fiquei um pouco com receio
não nego, linda, educada, idade 19 anos, essa altura eu tinha 33 anos e achava
até que tudo parecia um encontro casual, sem expressão mais forte.
Convidou-me para a festa da
Rádio Rural, porque trabalhava como locutora fazendo programas e jornais falados,
e mesmo assim não fui, preferindo as
vaquejadas. Não desistiu, ligou para
mim, me desculpei sem acreditar no que estava acontecendo. Até que certo dia fui a uma vaquejada em Caicó, e ela
simplesmente entrou na pista onde nos deslocamos para os bretes, passou por
baixo da cerca entre uma madeira e outra, abriu os braços e disse: Estava te esperando
meu vaqueiro, mesmo sabendo que você não viesse.
Daí, então resolvi aceitar, abrir meu coração e
deixar o que fosse plantado uma semente desconhecida até então por mim, preparou o terreno ,plantou uma semente tão
pura dentro de mim, que passei a tratar, regar e ver essa planta chamada amor
de Deus crescer dentro de nós.
Suas qualidades seriam se
quisesse, a escrita, poesias, contos,
relatos, enfim, deliciava-me em ler os seus trabalhos que se perderam no tempo,
apesar de guardá-lo durante tanto tempo, quem sabe um dia encontro entre meus
guardados, dificilmente eu sei.
Passou a freqüentar mais
Acari, porque fazia trabalhos nas paróquias da
Diocese, mas sua parada era a casa de Deó, porque também o tinha como um
pai para ela. Recebemos a autorização de Deó para começarmos um namoro que,
mesmo que policiado sempre buscamos nossa identidade.
Até que certo dia, a mãe de
criação dela, uma Senhora tradicional de linha dura, mas que a amava de uma forma muito especial
aquela criatura, assim como ela era amada por todos com um carinho que as vezes
até duvidava da minha real identidade harmônica de casal, as vezes achava que
não poderia dar tudo que ela buscava, mas algo mais especial nos atraía, éramos
como verdadeiros, amigos, irmãos, namorados, parceiros, sei lá, esquisito mesmo
e sem explicação.
Dona Rita me perguntou:
Quais as suas intenções com a minha filha, mesmo que somente fosse filha
adotiva, assim disse e respondi: Dona Rita, sabe que às vezes tenho medo, algo
me aconteceu assim, como relatei no início sobre a visão, e não nego nem eu mesmo sei,
por isso peço a Senhora para me orientar.
Ela me respondeu, você tem a
minha benção, mas vou lhe pedir uma coisa, respeite-a em todos os sentidos e me contou a história
dela como se processou a sua criação e senti que realmente havia algo de
especial. Bom, vou me deixar levar ,
fazer o quê...
A partir daí começamos a
pensar em como estabelecer uma convivência, motivo pelo qual procuramos juntos
a sua família biológica que hoje
mantemos um relacionamento familiar, como se já nos conhecêssemos há tempos,
pessoas ótimas, que tenho muita admiração pela minha sogra e seus irmãos e irmãs.
Em 31 de julho de 1993,
firmamos nossa união depois de ter visitado o padre Deó e recebido sua benção e
mais tarde busquei a presença do Bispo, junto com o Padre Deó e ele Deó tratou
do assunto e assim, iniciamos uma verdadeira história que culminará com os
fatos atuais, mas faço questão de cavalgar a cada passo para vencer os meus
medos e indefinições de um futuro que apenas o Senhor Deus pode dar consecução ou
continuidade a essa história, talvez...
Continua....
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