sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Senhor ouviu a minha oração


Enquanto me recuperava, recebi de presente da família de Seu Zé Pipi, Tenente Laurentino Cruz, a qual faço meu sincero agradecimento, um coquetel feito com uma fruta chamada None e suco natural de uva. Comecei a tomar três vezes por dia... Senti-me muito bem... Quando acabou o primeiro coquetel, eles me mandaram mais dois vidros da mistura. Tomei tudo. Depois procuramos a fruta aqui em Natal e eu mesma fiz...
Fui para a consulta com Doutor Rodrigo. Era incrível como eu estava bem. Iglê me acompanhou. Estava liberada para a QT (quimioterapia), mas precisava do aval de Dr. Carlos Afonso. No dia seguinte fui para o Luiz Antônio. Dr. Carlos não me reconheceu. Começou a chamar os auxiliares e enfermeiros para me ver. Ele sorria e dizia: “Não é Gilza, é uma artista de cinema”. Quando fui atendida por ele, sorrindo me olhou e disse: “Gilza, o médico oncológico perde muitos pacientes e te ver assim é uma vitória, como estou feliz”.
Eu disse Dr. Carlos estou com medo da QT. Ele retrucou: “você sabe que tem que fazer. Coragem.”
Marquei a quimioterapia para o dia 9 de maio, depois do dia das mães. Fátima Badú me acompanhou... Foi um dia longo... Tive uma pequena reação alérgica no braço direito... Nada demais. Após a QT fomos para casa e por incrível que pareça não fiquei nem enjoada. Continuei me alimentando. Já com 8 quilos há mais... Fiquei bem, mas as defesas baixaram demais...
Recebi a documentação para fazer a tomografia. Este não é um exame muito legal de se fazer, pois se precisa tomar o contraste e eu tenho alergia ao contraste oral... Conversei com a enfermeira, ela com o médico e decidiram que eu iria tomar apenas o contraste intra-venoso. E assim foi. Fiz a tomografia.
Recebi o resultado e fui para a consulta com Dr. Rodrigo que ficou feliz com o resultado: Não existiam mais nódulos, apenas uma aderência próximo a região peritonial e uma hérnia na altura da cicatriz cirúrgica, lado direito. 
Fui para a sexta QT... Passei quinze dias fazendo exames de sangue duas vezes por semana, pois as defesas continuavam baixas. Tinha que tomar umas injeções de Granoloquim, que custam muito caro e o SUS (Sistema Único de Saúde) só oferece aos pacientes internados. Após 20 dias, Dr. Rodrigo disse “Gilza vou fazer o pedido, vamos ver se eles te mandam as ampolas”.  E  ainda brincou dizendo: “Como Deus te quer muito bem, é possível que você ganhe”. Ganhei 6 ampolas. Tomei 3 danadinhas e no dia 30 de Junho fiz a sexta QT. Dez quilos mais gordinha, as meninas da quimioterapia quase não me reconheceram... É o amor de Deus agindo em mim. Iglê ficou comigo. Mais uma vez não tive reações... Apenas dormência nas mãos... Tomei mais três ampolas de Granoloquim...
Ontem, dia 28 de julho de 2011 voltei Á LIGA para minha consulta mensal e checape geral... Estava ansiosa, pois iria receber o resultado do CA 125 (exame de sangue que diagnostica a quantidade de células doentes na corrente sanguínea)
O primeiro exame que fiz tinha dado 8 mil células doentes por mg de sangue; o segundo, 220; o terceiro 110... Agora, a feliz notícia...
Baixou para 58. O normal para uma pessoa que nunca desenvolveu a doença é até 30, mas no meu caso até 60 é considerável ótimo. O médico me explicou que como meu peritônio foi atingido e existe uma aderência cirúrgica, 58 no exame de CA 125 é um resultado EXCELENTE!!!! Conversamos bastante, tirei todas as dúvidas...
Fui encaminhada para Dr. Carlos Afonso, meu cirurgião, para uma avaliação clínica...
Recebi os parabéns... Todos felizes com a minha recuperação... Eu meio atônita ainda... Maria Clara estava me acompanhando, passamos o dia na LIGA. Eu pensava o quanto Deus me ama, conversei com muitas outras pessoas doentes, falei do milagre acontecido comigo, dei meu testemunho, falo sempre do amor de Deus e peço para que as pessoas acreditem neste poder. Que assim como aconteceu comigo, como fui agraciada, Deus age na vida de qualquer ser, basta se entregar sem dúvidas, sem medo!

Salmo 66, 19-20
Mas, na verdade, Deus me ouviu; atendeu a voz da minha oração.
Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem desviou a mim a sua misericórdia.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O amor de Deus me curou


Doutor Carlos sorriu para mim, terminou a assepsia do local, fez a coleta do líquido para exames e me liberou. Fui para casa.
No dia seguinte me levaram para o CECAM – LIGA e eu ainda não conseguia andar. Fiquei mais uma vez no repouso e Chaguinha juntamente com Doutora Domicina falaram com Doutor Rodrigo, médico quimioterápico que me acompanha na LIGA. Doutor Rodrigo não foi muito otimista, disse a Chaguinha que eu tinha que ser acompanhada por Doutor Carlos e que se eu resistisse 15 dias iria fazer uma ultra-sonografia para ver o que tinha sobrado dentro de mim. Logo após a esta conversa, Chaguinha me levou para fazer o curativo. O orifício já estava bem maior, mais ou menos do tamanho de um limão. No dia seguinte, Chaguinha me levou para o banho e quando tiramos o curativo me assustei, pois o orifício já estava do tamanho de uma laranja ou maior... Comecei a chorar... Fiquei atônita, pois achava que meus órgãos iam cair pelo orifício, uma vez que se via parte do intestino e peritônio... Chorava desesperadamente e Chaguinha tentava me tranqüilizar... Fui me acalmando... Tomei banho, Chaguinha fez o curativo... Mal ficava de pé...
No dia seguinte, senti fome e pedi para me levarem para a cozinha a fim de almoçar. Consegui comer pela primeira vez em muito tempo... “Monique registrou o momento, é esta foto acima”. Eu já me sentia bem melhor.
Na segunda-feira seguinte, Chaguinha me levou para o Luiz Antônio e quando Doutor Carlos me viu disse: “Gilza, você está melhor”. Eu sorri, pois estava apreensiva, ia receber o resultado do exame. Doutor Carlos quando viu o orifício disse que era impressionante, pois estava sem infecção e falou: “Gilza, o exame acusou uma bactéria, mas não vou passar nada pra você tomar, pois não existe mais nada aí, uma vez que a cicatrização está ótima”. Fiquei feliz.
Doutor Carlos disse que continuássemos a fazer os curativos em casa e que não fôssemos para hospitais ou postos de saúde para evitar infecções hospitalares, mas que a cicatrização ia ser demorada, uns dois meses para começar a fechar...
Voltamos para casa. Sentia muita fome. Não conseguia andar, levantar, sentar ou tomar banho sozinha... Chaguinha me ajudava em tudo, me acompanhava, ficava comigo o tempo todo e ainda fazia o curativo. Certo dia eu estava na rede e comecei a cantar para Chaguinha:
Tudo é do Pai, toda honra e toda Glória...
É Dele a vitória alcançada em minha vida...
Tudo é do Pai se sou fraco e pecador
Bem mais forte é o meu Senhor
Que me cura por amor...
Chaguinha se emocionou muito. Eu também, pois como diz a música, foi o amor de Deus que me curou.
Eu não sentia mais dores. Estava muito desnutrida e sentia fome, muita fome.
Quinze dias depois fui fazer a ultra-sonografia. Iglê me acompanhou. Estava um pouco ansiosa... Quando entrei para o exame a médica gentilmente me recebeu e começou a ultra. Não conseguia ver nada... Não acreditava... Pediu para ver a última tomografia... Por fim ela disse: “Maria Gilza, não existem mais nódulos. Parabéns!”
Eu fiquei emocionada.
Marquei a consulta com Doutor Rodrigo, pois tinha conseguido sobreviver os 15 dias, feito a ultra, os órgãos intactos, sentia fome, estava feliz... Incrivelmente feliz!

Salmo 59 – 16
Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã, louvarei com alegria a tua misericórdia, porquanto tu foste o meu alto refúgio e proteção no dia da minha angústia.

PS: Quer conhecer a história completa, veja postagens anteriores.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Milagre

Pedi a Chiquinha para me levar para a rede e ela, carinhosamente forrou a rede com uns lençóis fininhos e me acomodou, colocou umas compressas de camomila, (chá gelado), no abscesso, balançou a rede e eu consegui dormir um pouco.
Por volta da meia noite, acordei e pedi para ir ao banheiro, ela me levantou e eu senti alguma coisa molhada nos pés... Ao voltar do banheiro, percebi que o molhado tinha aumentado e Chiquinha  perguntou se eu tinha feito xixi. Respondi que não e quando levantei a camisola vi que estava saindo um líquido pegajoso pela cicatriz da cirurgia. As dores tinham diminuído e pedi um lençol para aparar aquele pus... Ela me deu o primeiro lençol que em poucos segundos já havia encharcado, o segundo lençol...
Chiquinha disse: “Gilza, vou chamar as meninas...” Eu já estava no terceiro lençol. O líquido saía do orifício como se fosse de uma seringa de injeção, mas era muito rápido, os lençóis em segundos ficavam encharcados... As meninas, Marina e Monique vieram até o quarto, Monique pegou o telefone e ligou para o SAMU. No Hospital Luiz Antônio não tinha leito vago, mas o Hospital Santa Catarina tinha...
Ao todo, 9 (nove) lençóis e duas toalhas ficaram jogadas ao chão, embaixo da rede tinha muito líquido, na cama também... O odor era tão forte que até mesmo o enfermeiro do SAMU, (sabemos que eles são treinados), não conseguiu ficar no quarto por muito tempo...
Chiquinha, com uma calma ímpar, acredito eu, que a ação do Espírito Santo, me ajudou a levantar. Um dos enfermeiros me colocou na maca e depois me levaram... Não tive medo!
Entramos na ambulância e fomos para o Hospital Santa Catarina. A chuva continuava... Ao chegarmos ao hospital, os outros lençóis que iam por cima da minha barriga já estavam ensopados... Dois médicos me atenderam, examinaram, espremeram o abscesso, cada vez mais saía pus, me colocaram no corredor e disseram que nada podiam fazer por mim... Eu teria que ir para o Hospital Luiz Antônio... Fizeram um exame de sangue e o médico voltou para me dizer que eu precisava de mais uma transfusão de sangue com muita urgência, mas que lá eles não podiam fazer... O dia já estava quase amanhecendo... Chiquinha comigo o tempo todo, me passando uma segurança, força... Pedi ao médico para me liberar, pois queria ir para o Luiz Antônio, uma vez que lá não ia ter o atendimento necessário como ele mesmo havia falado. Mosheh, filho de Fátima, veio me pegar. Fomos para casa... O carro estava cheio de líquido. As meninas tinham forrado os bancos do carro com plástico... A toalha que vinha no meu colo, ensopada... Saí do carro e Chiquinha me levou para o banho. O orifício estava aumentando e o pus não parava de sair...
Por volta das 8 horas fomos para o Luiz Antônio... Fátima foi à Farmácia e trouxe absorventes geriátricos, gases, ataduras, esparadrapos... Fizeram um curativo bem seguro com esses materiais, me enrolaram nas ataduras e fomos para o Hospital. Ficamos esperando para sermos atendidos. Chiquinha ficou comigo e em pouco tempo Chaguinha chegou... Eu estava em  uma cadeira de rodas, mas sorria...
Ao entrar no CSO, doutor Carlos Afonso veio me ver e disse: “Gilza, o que aconteceu...” e eu respondi: “O caroço estourou”. As enfermeiras retiraram o curativo e Doutor Carlos veio me examinar. Neste momento a esposa dele, Doutora Arianne chegou e perguntou o que estava acontecendo. Ele respondeu: “Arianne em toda a minha vida nunca tinha visto nada igual”... Ele estava espremendo e eu o ajudando. Olhei para ele sorrindo e disse: “eu sei o que aconteceu”. Ele disse: “então me diga, porque eu não sei”. E eu respondi: “Um milagre”!

Salmo 30-2,3
Senhor, meu Deus, clamei a ti e tu me saraste.
Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura: conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo.

PS: Quer conhecer a história completa, veja postagens anteriores.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Encontro Eucarístico

O caroço já estava bem maior, as dores eram terríveis, não conseguia dormir. Chiquinha colocava compressas de camomila (chá), massageava minhas pernas, eu estava usando fraldas descartáveis, não conseguia falar, andar, comer..
Era uma manhã chuvosa e Chiquinha veio ao quarto e disse que Padre Carlos Eduardo, pároco de Tenente Laurentino Cruz, estava ligando e pediu autorização para me visitar. Eu consenti, apenas balançando a cabeça com um gesto. Não parava de chover assim como as dores que eu sentia eram cada vez maiores...
Por volta das 11 horas, Padre Carlos chegou e veio em minha direção, pediu uma cadeira e sentou-se ao meu lado. Pegou minha mão, acariciou minha testa e disse que o seu coração pedia para que viesse me ver. Tentei agradecer com palavras, mas a minha voz não saía... Ele disse que tinha vindo me ungir com óleo Santo e me dar a comunhão. Eu, mais uma vez, balancei a cabeça num ato de aceitação.
Ele vestiu os paramentos litúrgicos, chamou Chiquinha, que é Ministra da Eucaristia, para auxiliá-lo e começou o ritual. Ungiu-me e orou. Neste momento eu sentia uma grande paz, a chuva caindo lá fora...
Depois fez o ritual Litúrgico-Eucarístico ofereceu-me a Comunhão. Abri a boca e recebi a Eucaristia. Lágrimas correram no canto dos meus olhos e eu pensei: “Senhor Jesus, eu te recebo para a purificação do meu corpo e da minha alma.”
Padre Carlos disse: “algo aconteceu, estou sentindo uma grande alegria dentro de mim, estou todo arrepiado... O poder de Deus está se manifestando...”
Eu pensei: “estou sendo curada...”
Padre Carlos se despediu e se foi.
Em momento algum pensei em morte e sim em vida, em alegria... Não podia expressar com palavras, pois não tinha forças para falar, mas meu coração estava cheia do Espírito Santo. Eu sentia uma paz, um amor brotando de minhas entranhas... Não sei explicar o inexplicável...
O dia foi longo, as dores não cessavam, a chuva continuou durante o dia todo...
A noite caiu e o semblante de todos era desolador, pois viam meu sofrimento e nada podiam fazer...

Salmo 23, 1,4
O Senhor é o meu pastor: nada me faltará.Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

Continua...

sábado, 16 de julho de 2011

Sozinha com Jesus...


Eu já estava com as pernas muito inchadas e não tinha mais forças para me levantar, então quando ia ao banheiro ou mesmo sair da rede para a cama Fátima me levava praticamente nos braços. Consegui dormir um pouco durante a noite e no dia seguinte me levantei para tomar banho, pois ia para o CECAM – LIGA a fim de fazer a quinta quimioterapia. Quando Fátima me tirou da rede e eu consegui ficar de pé senti um caroço do lado da cirurgia (lado direito). Apavorada disse a Fátima. Ela, querendo me tranqüilizar, disse: “Gilza, isso não deve ser nada, fique tranqüila”. Eu respirei e fui tomar banho. A minha cabeça fervia. Pensava que eram outros nódulos e que o câncer tinha se espalhado.
Chegamos a LIGA por volta das 7 e 30 da manhã. Pediram uma cadeira de rodas, uma vez que eu não conseguia mais andar, e fomos para a oncologia. As auxiliares de enfermagem vieram e vendo o meu estado físico, totalmente debilitado e entregue, levaram-me para o repouso. Fiquei lá deitada e Fátima me acompanhando. A médica veio, fez a avaliação clínica, estava com um pouco de febre, viu meus exames e diagnosticou uma infecção. Receitou-me uns antibióticos, fez algumas orientações e me mandou para casa. Eu já sabia que não podia fazer quimio, pois tinha estado com febre os últimos dois dias. Fomos para casa e a noite recebi a visita de Genira, filha de Zé de Biu, seu filhinho, sua cunhada e uma outra mulher. Eu não consegui mais me levantar. Conversamos, elas oraram e adoraram a Deus pedindo por mim, pela minha saúde. A mulher que as acompanhava disse em um determinado momento que estava vendo Deus agindo em mim. Ela chorou, ficou arrepiada e dizia: “Eu gostaria que vocês vissem o que eu estou vendo. Um grande milagre vai acontecer na vida de Gilza”. Eu não tinha mais forças, mas em pensamento eu dizia: Obrigada Senhor Jesus que me cura por amor.
Fátima cuidou de mim carinhosamente e pacientemente me levantando, tentando me alimentar, me medicando... Mas, eu só piorava. Sentia muitas dores, como sentia dores...
No final da semana, eu quase já não falava, estava ainda mais debilitada e Fátima foi embora. Chiquinha Salú veio cuidar de mim. Fiquei muito feliz ao ver Chiquinha e Chaguinha que também tinha chegado. Chaguinha teve que voltar no mesmo dia. Sei que não foi fácil para ele, pois eu estava muito fraquinha...
Chiquinha ficou comigo e me levantava, me deitava, tentava me alimentar...
As meninas do coral da Imaculada Conceição gravaram um vídeo para mim cantando duas músicas que eu gosto muito:
Quem é esta senhora, revestida de sol, tão branca como a neve, de estrelas coroada. Ela é imaculada, mãe de Jesus, ela é nossa mãe ♪...
A outra música:
Outra vez me vejo só com meu Deus, não consigo mais fugir, fugir de mim. Junto as águas deste mar vou lutar, hoje quero me encontrar, buscar o meu lugar. Vou navegar (nas águas deste mar); navegar (eu quero me encontrar) navegar♪...
Acompanhei as músicas como se fosse uma oração, pois como diz a música, eu já estava entregue nas mãos de Deus. Como eu me senti bem! Chiquinha sempre ali, comigo, forte, sem demonstrar nada e eu inerte, cabeça branca, sem pensamentos... Já não conseguia falar, somente ouvia... Não pedia, somente esperava...
Continua...

Salmo 41-1,2
O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu renovas a sua cama na doença.
Eu dizia: Senhor, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A minha alma espera no Senhor Jesus!


À noitinha, Dr. Carlos veio me ver e disse que eu ia ter que tomar duas bolsas de sangue, pois eu estava com anemia e que no sábado eu teria alta... Eu disse: “Tudo bem!” Tomei duas bolsas de sangue...
 Em Currais Novos, quando fiz a primeira cirurgia, precisei tomar sangue também e um dia, Verônica, filha de seu Chico Monteiro, ela me acompanhava, perguntou: “Gilza, de quem será este sangue que está entrando em suas veias?” Eu olhei para a bolsinha de sangue, depois para ela e disse: “eu não conheço a pessoa, mas sei que ela é abençoada e muito boa, pois o ato de doar sangue já diz tudo”. Somente quem precisa receber uma transfusão sabe o significado da doação. Doação sem nada em troca. Doação de sangue é doação de amor!
Foi feito mais um procedimento de parasintese e desta vez foi retirado 800 ml (oitocentos ml) de líquido da minha barriga. A parasintese me deixava com muitas dores... quase não conseguia dormir...
Chegou o sábado e eu pensei que ia para casa, mas não foi bem assim... Dr. Carlos disse que eu ia ter que ficar, pois tinha que tomar mais sangue... Estávamos eu e madrinha quando segurei a mão do médico e perguntei: “Doutor Carlos, eu tenho chance?” Ele ficou um pouco surpreso com a minha pergunta... Olhou carinhosamente para mim e respondeu: “claro que tem... você é uma pessoa de fé, disse ele, e você tem que acreditar sempre!”
Sorri para ele e disse: “eu vou ficar boa!”. Ele sorriu para mim e disse: “é assim que se fala.”
No dia seguinte comecei a tomar mais sangue. As minhas pernas já estavam bem inchadas e meus movimentos já eram poucos. A voz cada vez mais fraca... Estava sem a sonda, mas não tinha alimentação, estava na dieta líquida. Água de coco, água e chá. À noite vomitei novamente e fiquei assustada pois temia a sonda outra vez.
Chaguinha gripou e não podia mais ficar comigo, contratamos uma acompanhante para passar a noite de domingo... voltei a vomitar durante a noite...
Na segunda-feira pela manhã Verônica veio de Tenente Laurentino para ficar comigo. Fiquei feliz em vê-la. Pelos olhos dela, vi que ficou assustada em me ver. Estava mais magra 22 quilos e visivelmente fragilizada, porém, a cada dia a certeza que não morreria naqueles dias era bem maior. Enquanto isso, os médicos já tinham falado pra família que era uma questão de dias, que o que podia ser feito pela medicina eles estavam fazendo...
Na terça-feira tive alta. Fui para casa de Neném com Verônica mas no dia seguinte estava de volta ao Luiz Antônio. Eu vomitava sem parar... Verônica levou vários saquinhos e sacolas e eu os usei todos. Fiquei em uma maca na fila de espera para entrar para o atendimento de urgência (CSO). Chegamos ao Hospital de manhã cedo e só fui atendida por volta das 14 horas. Não pensem que é culpa dos médicos ou enfermeiros, mas sim do nosso sistema de saúde. Como já disse  anteriormente, o CSO tem apenas 5 leitos para atender a população de Natal e interior do Estado que sofrem de Câncer. Enquanto estávamos esperando lá fora começou a chover... Eu não podia me mexer e Verônica tinha saído para tomar um lanche. Um senhor que estava com sua mãe me tirou da chuva, enquanto isso Vera vinha chegando desesperada Pensando que eu tinha me molhado toda e eu sorri para ela e disse: “Como é bom tomar banho de chuva, pena que eu não posso...” Continuava vomitando e para piorar a situação tinha ficado com diarréia e tinha me sujado toda... 
Quando chegou a minha vez, fui atendida carinhosamente por Dr. Carlos que disse a medicação que eu iria receber... Disse a ele que eu estava com vergonha por estar suja e ele me disse: “Gilza, não tenha vergonha, isso também poderia acontecer comigo!” Pedi a ele para tomar um banho e ele disse você tem condições de ir até o banheiro. Eu disse: “vamos tentar.”
Verônica me levou quase nos braços, tirou minha roupa suja e me deu um banho. Me senti bem melhor. A partir desse dia comecei a usar fraldas descartáveis. Quase não andava mais...
A auxiliar de enfermagem verificou meus sinais vitais, fez a medicação para parar o vômito, colocou o soro... Dr. Carlos veio novamente e disse: “Gilza, você está com muita ascite, vamos fazer uma parasintese?” E eu respondi que sim... Desta vez, foram retirados 2,5 l (Dois litros e meio) de líquido e mesmo assim a minha barriga continuava distendida...
À noite, após a medicação fomos para casa. Novamente senti muitas dores devido a parasintese...
Verônica gripou e teve que ir embora. No dia seguinte, Fátima Badú veio cuidar de mim...
Continua...

“A nossa alma espera no Senhor: Ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.” Sal.33-20

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma conversa especial!

   (Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem Dele se aproxima precisa Crer que Ele                                    existe e recompensa os que buscam. Hebreus 11:6)

Às cinco e meia da manhã acordei por um enfermeiro me chamando... “Gilza, vamos fazer a medicação”. E eu disse tudo bem. Você veio de madruga também? E  ele disse: “Não!” Eu pensei: Deus me mandou dois anjos e eu tenho a certeza que vou ficar curada! Resolvi não contar nada a ninguém, se não iam  achar que eu além de tudo estava ficando doida. (Risos) Monique me deu banho e ficamos esperando madrinha chegar. Às sete horas ela chegou e ficou comigo a manhã toda. Iglê veio e ficou à tarde. À noite Chaguinha dormiu comigo. Eu continuava com a sonda no nariz. Mais um dia sem comer nem beber nada.
No dia seguinte Madrinha veio novamente e por volta das 8 horas chegou uma médica com a minha pasta na mão dizendo que ia fazer uma nova cirurgia em mim... Fiquei meio confusa e pedi para falar com o meu médico, Dr. Carlos Afonso. Ele veio e eu conversei. Disse sobre esta médica e ele saiu. Poucos minutos depois Dr. Carlos estava de volta e disse que daquele dia em diante somente ele me acompanhava. Tinha falado com a direção do hospital. Já era umas 4 e meia da tarde e Iglê estava conversei com ela sobre a doença, eu sabia que a minha situação não era boa, mas tinha certeza que não ia morrer... A noite Chaguinha veio dormir comigo. No dia seguinte, Madrinha estava lá. Eu estava ficando muito inchada... Já não conseguia me levantar. Iglê adoeceu. Não pode mais ficar comigo. Chaguinha veio à tarde e conversei com ele. Via nos olhos de todos uma grande preocupação... Eu era tranqüila.
Pedi a Chaguinha que me levasse ao banheiro, na volta pedi para sentarmos numa caminha que tinha ao lado da minha, tipo um sofá. Disse a ele que queria conversar... Eu precisava falar para tranqüilizá-lo. Comecei a conversa dizendo: “Chaguinha, eu quero te dizer que: Primeiro, eu não tenho medo da morte, segundo, não vou morrer agora e terceiro, se for a vontade de Deus e se isso vier a acontecer eu quero que você e todos os meus amigos guardem a minha alegria de viver. O meu sorriso. A felicidade que eu sinto... Não quero que lembrem de mim, dizendo que era bonita, pois beleza passa, uns acham e outros não, mas a minha alegria é só minha, é minha marca... Chaguinha chorava... E eu ali... Disse também: “Quero viver para ver as meninas crescerem, principalmente Maria Cecília que é muito pequena ainda”... Ele começou a cantar... Soldado Ferido e eu o acompanhei, com a voz fraca, mas acompanhei... Há muitos feridos choram de angústia e de dor, clamam por proteção e por paz. Amigos que sofrem sua  necessidade atende hoje... Não deixe um soldado ferido morrer. Verta o bálsamo e a ferida sarará, protege-o com teu manto de amor. O pão partiremos sim, descanso lhes dará e toda angústia sairá, não deixe fiéis soldados feridos morrer...Seguindo sua ordem, lutaram na frente para o rei e o forte inimigo puderam vencer. Mais por este esforço satã intentou suas vidas matar. Não deixe um soldado ferido morrer... Não podes olhar sem socorrer, o amor é mais forte faz vencer, não deixes fiéis soldados feridos morrer...”

Quando acabou, comecei a cantar baixinho e ele me acompanhou: “Obrigado Senhor, porque és meu amigo. Porque sempre comigo Tu estás a falar... No perfume das flores, na harmonia das cores e no mar que murmura o Teus nome a rezar. Escondido Tu estás no verde das florestas, nas aves em festa, no sol a brilhar. Na sombra que abriga, na brisa amiga, na fonte que corre ligeiro a cantar. Te agradeço ainda porque na alegria, ou na dor de cada dia posso te encontrar. Quando a dor me consome, murmuro o Teu nome e mesmo sofrendo eu posso cantar....”
Depois adormeci um pouco...
Continua...


sábado, 9 de julho de 2011

A visita dos anjos...


Chegamos à Natal por volta das 16 horas e fomos direto para o Hospital Luiz Antônio. O CSO (Urgência do Luiz Antônio) estava cheia. Muita gente na fila de espera. Só existem cinco leitos disponíveis no CSO e muitas pessoas doentes... Ficamos esperando, esperando e comecei a passar muito mal, vomitava sem parar... Chaguinha conseguiu falar com Dr. Carlos Afonso e ele orientou que fossemos para casa, pois eu só iria ser atendida lá pela madrugada, uma vez que não existiam vagas nos leitos e que a fila de espera estava grande, na manhã seguinte eu voltaria. Fomos para a casa de Fátima, irmã de Chaguinha. Passamos a noite e na manhã seguinte, Toinho nos levou para o Hospital. Chegamos cedinho e logo fui atendida. O médico resolveu fazer uma parassíntese para a retirada de líquido, a ASCITE. O procedimento é o seguinte: O médico anestesia o local, (a barriga) e coloca uma agulha, tipo aquelas de cozer sacos, com um fio daqueles de soro para a saída do líquido. A gente tem que ficar imóvel. Desta vez não conseguimos nada. No final do dia fui para a casa de Neném e não parava de vomitar. Na madrugada voltei para o CSO. A médica de plantão me passou um novo medicamento que aliviasse as dores e o vômito, mas de nada adiantava... No dia seguinte, Dr. Carlos pediu novos exames e mais uma vez fui para casa. Dois dias depois voltei ao CSO. Internada mais uma vez. Dores, muitas dores. Vômitos... Passei mais uma noite, Chaguinha ao meu lado. No dia seguinte, novos exames e desta vez Dr. Carlos disse: “vamos ter que internar. Gilza, você vai para o isolamento. Suas defesas estão baixas demais”. Levaram-me para o isolamento. Estava novamente com uma sonda. Mais uma vez sem comer, sem beber água... Minha situação não era boa. Monique foi dormir comigo. Um apartamento com ar condicionado. Não podia receber visitas. Meus acompanhantes tinham que usar máscara e não podiam chegar perto de mim...
Segundo Monique, eu já estava sem completar as frases. Dormia e vomitava...
Eu não conseguia pensar muita coisa, porém não perdi a consciência...
No meio da madrugada acordei com duas pessoas me olhando. Eram dois homens vestidos de branco. De início pensei que fossem os enfermeiros, depois percebi que não eram. Fiquei a olhar para eles e eles se entreolharam e sorriram para mim. Um dos homens ficou com as mãos sobre os meus pés e o outro se dirigiu para a minha direita. Chegou calmamente, colocou a mão sobre a minha testa, fez o sinal da cruz, sorriu e eu adormeci...
Continua...

sexta-feira, 8 de julho de 2011


No mês de janeiro fiz uma tomografia e os tumores já tinham reduzido, mas haviam lesões nas alças intestinais... Tomei contraste oral e intra-venoso para a realização da tomografia, o que me deixou muito mal. Vomitei muito e a barriga mais uma vez começou a distender...
No final do mês de janeiro, Iglê me levou a Caicó para visitar minha mãe, irmãos... Para mim, uma vitória. Chaguinha também estava lá. Foi um final de semana muito feliz, muitos abraços, beijos, carinho... Passei por Acari para visitar os pais de Chaguinha, D. Neci e Seu Pilóia...
Voltei para Natal e no início de fevereiro fui para a terceira quimioterapia. As reações foram menores desta vez... Madrinha estava comigo e as meninas, Maria Clara e Maria Cecília. Chaguinha me acompanhou na quimio, e como eu estava bem, pedi pra que ele voltasse para Tenente, pois a vida  não para e ele precisava trabalhar. No dia 15 de fevereiro fui para Tenente Laurentino. Fomos eu, Maria Clara, Cecília, Fátima e Toinho. Resolvemos passar por Acari, almoçamos um peixe muito saboroso e no final da tarde Toinho me levou para Tenente. Cheguei em casa, Graça Oliveira, grande amiga, estava lá, com Gabriel, meu afilhado e Gaby. Muita alegria, eu estava de volta.
Fiquei alguns dias e no início de março fui para a quarta quimioterapia. Fiquei internada, Chaguinha comigo, como sempre. Viajamos no dia seguinte para Tenente Laurentino... Tive diarréia, mas pouco vômito... Viajamos até Currais Novos com Toinho e Fátima e lá, Joelson foi nos pegar. Estava em casa. Recebi muitas visitas... A solidariedade dos amigos, o carinho, o cuidado... Me emocionei, chorei, brinquei... e em meio disso tudo sentia muitas dores...
Fui à Caicó e levei Cecília ao oculista. Lá as crises de dores aumentaram, a barriga crescia de novo... Voltei para casa e as dores eram muito fortes... Ficava deitada, calada, tentava suportar... era difícil. Começaram também os vômitos... A barriga crescia... Já não conseguia comer...
A médica tinha dito na minha última consulta que teria de ser feito um procedimento para a retirada de líquido da minha barriga e então voltei para Natal. Sai de casa e Cecília chorando abraçada comigo me perguntava quando eu ia voltar... eu não sabia. Fui forte e a consolei. Saímos eu, Chaguinha, Cancão dirigindo e chegando à Florânia vi Maria Clara. Me despedi dela e fomos... Lágrimas desciam do meu rosto e eu perguntei a Deus: “Senhor, o que me espera desta vez?”...

Se eu pudesse.

Recebi esta linda mensagem de uma amiga de Acari, Neguinha. Estou postando, pois sinto nestas palavras uma leveza e um grande carinho que 
quero dividi-lo com vocês...


Se Eu Pudesse...
Se eu pudesse colher estrelas,
todo dia eu levaria uma para você.
Se eu pudesse chegar ao sol eu pegaria
um raio de luz só para você.
Eu faria isso tudo só por você!
Se eu pudesse construiria uma montanha
só sua para que você descansasse mais
perto do céu.
Eu faria isso tudo só por você!
Se eu pudesse eu lhe levaria todas as alegrias
do Universo naqueles dias em que se sente triste.
Eu criaria um lugar especial feito só para você.
Um lugar onde você pudesse achar serenidade,
estar só consigo e se refazer dos seus cansaços.
Se eu pudesse apagar os seus problemas eu
usaria toda a minha força para faze-los desaparecer.
Eu faria isso tudo só por você!
Mas não sei colher estrelas, não posso chegar ao sol.
Não sou capaz de construir montanhas,
nem posso livrar você de todos os problemas.
Mas eu sei que posso dar-lhe o que de mais
forte existe em mim :
esta vontade de ver você feliz.....

Abraços...


Para que Deus nos deu braços
Se não o usamos para o mais precioso do seu fim?
Dar abraços...
Receber abraços...
Enroscando um corpo no outro
Sem malícia, só carinho.
Sem tempo, a todo tempo...
De manhã, tarde ou noite...
De aniversário,
De pesar,
De apoio,
De conforto,
De felicidade...
Como é bom um abraço!

Gilza Medeiros 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Viver....






Receita pra se viver bem.
O tempo passa depressa demais!
Por isso, viva bem, viva feliz...
Se doe mais,
Perdoe,
Ame incondicionalmente,
Sorria do nada, por nada,
Não pense tanto, faça,
Abrace,
Beije,
Cante,
Ouça mais,
Brinque,
Observe as crianças...
Acredite sempre,
Você pode, eu posso, nós podemos...
Gilza Medeiros.

Eu já não me reconheço mais...


Após quinze dias da quimioterapia, meu cabelo começou a cair... Para mim um dos momentos mais difíceis. Quando eu digo isso, muitas pessoas acham que é por causa da beleza, do cabelo, mas amigos não é. Eu comecei a perder a minha identidade, não me reconhecia mais. O cabelo é a moldura do seu rosto, seu rosto é a sua identidade como pessoa, e o que eu via no espelho não era eu... Quem será? Os sentimentos são os mesmos, mas o rosto já não é mais o meu. Confesso que senti vergonha, e não adianta ninguém dizer, “há, cabelo cresce”, sim eu sei, mas naquele momento, era somente eu e eu, portadora de uma doença terrível, que devasta sua vida e a vida dos que lhe rodeiam... Meu cabelo caia sem parar. Onde eu me sentava ficava aquele monte no chão. Resolvi cortar curtinho e fui a um salão perto de casa. A cabeleireira me recebeu bem e disse: “vou cortar curtinho, te deixar bonita para o Natal”. Assim ela fez. Algumas pessoas diziam: “raspe a cabeça” e eu pensava: não vou fazer isso, pois será um choque grande para Maria Cecília, que é minha pequena, na época com 8 anos...
Chegou o dia de natal e fizemos um jantar de comemoração. Comemorar a Vida! Estavam presentes eu, Chaguinha, Clara e Cecília, Fátima, irmã de Chaguinha, Toinho e Álvaro, Marcelo, Neném, Marina, Monique, Mosheh, Ertho e Madrinha. Foi muito bom, dançamos muito. Eu já estava bem...
Durante a semana, meu cabelo voltou a cair muito e pedi a Monique para cortar mais...
Chegou o Ano Novo, meu aniversário e eu estava lá, firme e forte. Fomos almoçar no Mangai, um restaurante típico do Nordeste, foi muito bom. Recebi muitas ligações da família, dos amigos de Tenente Laurentino... Como é bom se sentir amada! E era assim que eu me sentia. Vitoriosa naquele momento, pois tinha conseguido chegar viva em 2011.
No dia 04 de janeiro fui para o CECAM - LIGA, fazer a segunda quimioterapia, bem mais calma, já sabia o que me esperava... Chaguinha, como sempre, me acompanhava. Quando fui para casa enfrentei mais uma vez as consequências quimioterápicas. Vômitos, enjôos, diarréia, mal estar... passados quinze dias já me sentia bem e fomos passar um final de semana na praia. Como foi bom! Brinquei, tomei banho de mar, como o mar é lindo!... Ri muito e fiz rir também. Obrigada meu Deus por me proporcionar momentos como aqueles...
Continua...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A carta de Deus

Tu és um ser humano, és o Meu milagre.
E és forte, capaz, inteligente, e cheio de dons e talentos. Conta teus dons e talentos. Entusiasma-te com eles.
Reconhece-te. Aceita-te. Anima-te. E pensa que desde este momento podes mudar tua vida para o bem, se assim te propões e se te enches de entusiasmo.
Tu és minha criação maior. És meu milagre.
Não temas começar uma nova vida. Não te lamentes nunca. Não te queixes. Não te atormentes. Não te deprimas. Como podes temer se és meu milagre? Estás dotado de poderes desconhecidos para outras criaturas do Universo.
És ÚNICO. Ninguém é igual a ti. Só em ti está aceitar o caminho da felicidade e enfrentá-lo seguindo sempre adiante. Até o fim. Simplesmente porque és livre.
Em ti está o poder de não amarrar-te às coisas. As coisas não fazem a felicidade. Te fiz perfeito para que aproveitasses tua capacidade, e não para que te destruísses com teus enganos mundanos.

Te dei o poder de PENSAR.

Te dei o poder de AMAR.

Te dei o poder de IMAGINAR.

Te dei o poder de CRIAR.

Te dei o poder de PLANEJAR.

Te dei o poder de REZAR.

E te situei o poder dos anjos quando te dei o poder da escolha.
Te dei o domínio de escolher o teu próprio destino usando tua vontade.
O que tens feito destas tremendas forças que te dei ? Não importa ! De hoje em diante esqueça o teu passado, usando sabiamente este poder de escolha.

Opta por SORRIR em lugar de chorar.

Opta por CRIAR em lugar de destruir.

Opta por DOAR em lugar de roubar.

Opta por ATUAR em lugar de adiar.

Opta por CRESCER em lugar de consumir-te.

Opta por BENDIZER em lugar de blasfemar.

Opta por VIVER em lugar de morrer.

E aprende a sentir a Minha presença em cada ato de sua vida. Cresça a cada dia um pouco mais no otimismo e na esperança!
Deixa para trás os medos e os sentimentos de derrota. Eu estou ao teu lado. Sempre.
Chama-me. Busca-me. Lembra-te de mim. Vivo em ti desde sempre e sempre te estou esperando para amar-te.
Se hás de vir até Mim algum dia.. que seja hoje, neste momento! Cada instante que vivas sem Mim, é um instante infinito que perdes de Paz.
Procura tornar-te criança... simples, generoso doador, com capacidade de extasiar-te e capacidade para comover-te ante à maravilha de sentir-te humano.
Porque podes conhecer Meu amor, podes sentir uma lágrima, podes compreender uma dor.
Não te esqueças de que és Meu milagre.
Que te quero feliz, com misericórdia, com piedade, para que este mundo em que transitas possa acostumar-se a sorrir, sempre que tu aprendas a sorrir.

E se és Meu milagre, então usa os teus dons e muda o teu meio ambiente, contagiando esperança e otimismo sem temor porque...

EU ESTOU AO TEU LADO !

DEUS. 

Tive alta...


Fui para a casa de Fátima (Neném) e lá todos me receberam com muito carinho... Tinha medo de ser rejeitada, pois apesar de sermos esclarecidos, quando você se depara com uma doença como o Câncer, a insegurança bate muito forte... Todos me abraçavam, me acolhiam com imensurável atenção e carinho. Monique foi essencial! A “Nega” conversava comigo, trocava o curativo, falava sobre a quimioterapia, sobre a doença... Um dia perguntei: Monique, Câncer pega? Eu já sabia que não é uma doença contagiosa, que não pega, mas eu precisava ouvir essa resposta de outra pessoa. Monique e Tásio, que é namorado dela e está se formando em Medicina, me disseram: “Câncer não pega e nada seu vai ser separado. Vamos ficar juntos nessa batalha”. Fiquei tão aliviada... Certo dia, Monique estava comendo um macarrão e eu disse: “Ai que vontade”, ela naturalmente me deu um pouco daquela comida, na mesma colher, eu recuei e ela disse: “deixe de besteira, que o perigo aqui sou eu transmitir alguma coisa pra você”. Mais uma vez agradeci a Deus por estar ali!
Os dias foram passando e aguardávamos ansiosos pelo chamado para a quimioterapia. No dia 04 de dezembro, fui para o CECAM acompanhada de Chaguinha e Toinho. Estava tão nervosa, chorava incontrolavelmente... Cheguei ao salão de espera da quimioterapia e não me controlava, não sabia o que pensar, apenas chorava... Chaguinha sempre ao meu lado, me apoiava, me dizia que tudo ia dar certo... Entrei e fiquei em uma poltrona, as enfermeiras Cristiana e Janaína me acompanhavam, me explicavam o processo pelo qual ia passar... Colocaram o primeiro soro, este com o remédio para enjôo, o segundo soro com um remédio protetor do estômago e o anti-alérgico, por fim o primeiro coquetel, este monitorado por um pequeno computador. Quando a primeira gota de química entrou na minha corrente sanguínea, aconteceu um processo alérgico. Senti vontade de vomitar, náusea, dores, muitas dores nas costas, na cabeça e depois por todo o corpo, fui desfalecendo e imediatamente a enfermeira Janaína fechou o soro, colocando outro para lavar as veias. Chamaram Chaguinha em particular e disseram que iam me dar outro antialérgico mais forte e fazer uma segunda tentativa, pois não tinham certeza de que eu iria conseguir. Graças a Deus, fui ficando mais calma, as outras pessoas que estavam na mesma sala que eu me davam força e diziam que tudo ia dar certo. Consegui finalmente tomar a primeira quimio. No final do dia, mais ou menos 6 ou 7 horas da noite fui para casa. Me sentia muito cansada... E a partir de então vieram as reações, muitas reações.
Comecei a vomitar no outro dia bem cedo. Vomitava sem parar... Isso aconteceu durante oito dias. Depois veio a diarréia, mais oito dias, já estava muito fraca. Não conseguia comer e por isso tive de ir várias vezes para o hospital Luiz Antônio, precisava tomar soro para me fortificar. E o meu cabelo? Será que não vai cair? Com justos quinze dias da primeira quimio, os primeiros fios de cabelo começaram a cair...
Continua...