sábado, 2 de julho de 2011

A Recuperação


Já estava anoitecendo, quando cheguei à enfermaria. Um turbilhão se passava pela minha cabeça. O que tinha acontecido? Será que eu já estava curada? Santa inocência, às vezes acho que sou uma criança, que tudo é muito fácil... À noite, Dra. Arianne veio me ver, acariciou meus cabelos, num gesto de carinho e me chamou baixinho, Gilza... Levantei a cabeça e sorri. Ela foi enfática: “Gilza, disse ela, você viu que não fizemos nada, ela se referia a colostomia, e agora, temos que correr com a quimioterapia. Não entendi bem, mas fiquei tranqüila. Continuava com a sonda no nariz, sem comer, sem beber água... Sentia muita vontade de tomar água. Chaguinha, ligava para uma menina que acompanhava a mãe dela para saber notícias. Eu só podia receber visitas uma vez por dia. E como custava a chegar o horário das visitas. Vieram, para a minha surpresa Bernadete e Margarida, minhas irmãs que moram em São Paulo. Maria Clara e Chaguinha, Fátima (Neném), Monique, Marina, Silmara... Todos me dando força. E eu continuava lá. Certo dia, tive tanta vontade de ir para casa, de tomar água que pedi a Deus que me mandasse uma resposta se Ele estivesse me vendo, me acompanhando... E o mais interessante nessas horas é que nós fazemos a resposta. (Risos) E a resposta que eu queria era tomar água, então ficava olhando pela porta e quando o rapaz que servia o lanche chegou, entregou a todo mundo e ai eu perguntei e eu? Ele disse, pra você ainda não tem nada. Chorei desesperada. Foi quando entrou pela porta uma freira, não sei o nome dela, veio em minha direção e me acariciou. Foi incrível, ela disse “minha filha, "Deus está te carregando no colo”. Levantei a cabeça e pensei: esta é a resposta que eu pedi. Agora eu chorava de felicidade.
Quando vieram tirar a sonda do meu nariz, todos da enfermaria ficaram em silêncio e quando o procedimento acabou ouvir uma grande salva de palmas... Ficamos felizes e veio meu primeiro gole d’água. Quem disse que água não tem gosto? É indescritível, mas é muito gostoso... Tive alta e fui pra casa... 
Continua...

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