quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Milagre

Pedi a Chiquinha para me levar para a rede e ela, carinhosamente forrou a rede com uns lençóis fininhos e me acomodou, colocou umas compressas de camomila, (chá gelado), no abscesso, balançou a rede e eu consegui dormir um pouco.
Por volta da meia noite, acordei e pedi para ir ao banheiro, ela me levantou e eu senti alguma coisa molhada nos pés... Ao voltar do banheiro, percebi que o molhado tinha aumentado e Chiquinha  perguntou se eu tinha feito xixi. Respondi que não e quando levantei a camisola vi que estava saindo um líquido pegajoso pela cicatriz da cirurgia. As dores tinham diminuído e pedi um lençol para aparar aquele pus... Ela me deu o primeiro lençol que em poucos segundos já havia encharcado, o segundo lençol...
Chiquinha disse: “Gilza, vou chamar as meninas...” Eu já estava no terceiro lençol. O líquido saía do orifício como se fosse de uma seringa de injeção, mas era muito rápido, os lençóis em segundos ficavam encharcados... As meninas, Marina e Monique vieram até o quarto, Monique pegou o telefone e ligou para o SAMU. No Hospital Luiz Antônio não tinha leito vago, mas o Hospital Santa Catarina tinha...
Ao todo, 9 (nove) lençóis e duas toalhas ficaram jogadas ao chão, embaixo da rede tinha muito líquido, na cama também... O odor era tão forte que até mesmo o enfermeiro do SAMU, (sabemos que eles são treinados), não conseguiu ficar no quarto por muito tempo...
Chiquinha, com uma calma ímpar, acredito eu, que a ação do Espírito Santo, me ajudou a levantar. Um dos enfermeiros me colocou na maca e depois me levaram... Não tive medo!
Entramos na ambulância e fomos para o Hospital Santa Catarina. A chuva continuava... Ao chegarmos ao hospital, os outros lençóis que iam por cima da minha barriga já estavam ensopados... Dois médicos me atenderam, examinaram, espremeram o abscesso, cada vez mais saía pus, me colocaram no corredor e disseram que nada podiam fazer por mim... Eu teria que ir para o Hospital Luiz Antônio... Fizeram um exame de sangue e o médico voltou para me dizer que eu precisava de mais uma transfusão de sangue com muita urgência, mas que lá eles não podiam fazer... O dia já estava quase amanhecendo... Chiquinha comigo o tempo todo, me passando uma segurança, força... Pedi ao médico para me liberar, pois queria ir para o Luiz Antônio, uma vez que lá não ia ter o atendimento necessário como ele mesmo havia falado. Mosheh, filho de Fátima, veio me pegar. Fomos para casa... O carro estava cheio de líquido. As meninas tinham forrado os bancos do carro com plástico... A toalha que vinha no meu colo, ensopada... Saí do carro e Chiquinha me levou para o banho. O orifício estava aumentando e o pus não parava de sair...
Por volta das 8 horas fomos para o Luiz Antônio... Fátima foi à Farmácia e trouxe absorventes geriátricos, gases, ataduras, esparadrapos... Fizeram um curativo bem seguro com esses materiais, me enrolaram nas ataduras e fomos para o Hospital. Ficamos esperando para sermos atendidos. Chiquinha ficou comigo e em pouco tempo Chaguinha chegou... Eu estava em  uma cadeira de rodas, mas sorria...
Ao entrar no CSO, doutor Carlos Afonso veio me ver e disse: “Gilza, o que aconteceu...” e eu respondi: “O caroço estourou”. As enfermeiras retiraram o curativo e Doutor Carlos veio me examinar. Neste momento a esposa dele, Doutora Arianne chegou e perguntou o que estava acontecendo. Ele respondeu: “Arianne em toda a minha vida nunca tinha visto nada igual”... Ele estava espremendo e eu o ajudando. Olhei para ele sorrindo e disse: “eu sei o que aconteceu”. Ele disse: “então me diga, porque eu não sei”. E eu respondi: “Um milagre”!

Salmo 30-2,3
Senhor, meu Deus, clamei a ti e tu me saraste.
Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura: conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo.

PS: Quer conhecer a história completa, veja postagens anteriores.

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