terça-feira, 12 de julho de 2011

A minha alma espera no Senhor Jesus!


À noitinha, Dr. Carlos veio me ver e disse que eu ia ter que tomar duas bolsas de sangue, pois eu estava com anemia e que no sábado eu teria alta... Eu disse: “Tudo bem!” Tomei duas bolsas de sangue...
 Em Currais Novos, quando fiz a primeira cirurgia, precisei tomar sangue também e um dia, Verônica, filha de seu Chico Monteiro, ela me acompanhava, perguntou: “Gilza, de quem será este sangue que está entrando em suas veias?” Eu olhei para a bolsinha de sangue, depois para ela e disse: “eu não conheço a pessoa, mas sei que ela é abençoada e muito boa, pois o ato de doar sangue já diz tudo”. Somente quem precisa receber uma transfusão sabe o significado da doação. Doação sem nada em troca. Doação de sangue é doação de amor!
Foi feito mais um procedimento de parasintese e desta vez foi retirado 800 ml (oitocentos ml) de líquido da minha barriga. A parasintese me deixava com muitas dores... quase não conseguia dormir...
Chegou o sábado e eu pensei que ia para casa, mas não foi bem assim... Dr. Carlos disse que eu ia ter que ficar, pois tinha que tomar mais sangue... Estávamos eu e madrinha quando segurei a mão do médico e perguntei: “Doutor Carlos, eu tenho chance?” Ele ficou um pouco surpreso com a minha pergunta... Olhou carinhosamente para mim e respondeu: “claro que tem... você é uma pessoa de fé, disse ele, e você tem que acreditar sempre!”
Sorri para ele e disse: “eu vou ficar boa!”. Ele sorriu para mim e disse: “é assim que se fala.”
No dia seguinte comecei a tomar mais sangue. As minhas pernas já estavam bem inchadas e meus movimentos já eram poucos. A voz cada vez mais fraca... Estava sem a sonda, mas não tinha alimentação, estava na dieta líquida. Água de coco, água e chá. À noite vomitei novamente e fiquei assustada pois temia a sonda outra vez.
Chaguinha gripou e não podia mais ficar comigo, contratamos uma acompanhante para passar a noite de domingo... voltei a vomitar durante a noite...
Na segunda-feira pela manhã Verônica veio de Tenente Laurentino para ficar comigo. Fiquei feliz em vê-la. Pelos olhos dela, vi que ficou assustada em me ver. Estava mais magra 22 quilos e visivelmente fragilizada, porém, a cada dia a certeza que não morreria naqueles dias era bem maior. Enquanto isso, os médicos já tinham falado pra família que era uma questão de dias, que o que podia ser feito pela medicina eles estavam fazendo...
Na terça-feira tive alta. Fui para casa de Neném com Verônica mas no dia seguinte estava de volta ao Luiz Antônio. Eu vomitava sem parar... Verônica levou vários saquinhos e sacolas e eu os usei todos. Fiquei em uma maca na fila de espera para entrar para o atendimento de urgência (CSO). Chegamos ao Hospital de manhã cedo e só fui atendida por volta das 14 horas. Não pensem que é culpa dos médicos ou enfermeiros, mas sim do nosso sistema de saúde. Como já disse  anteriormente, o CSO tem apenas 5 leitos para atender a população de Natal e interior do Estado que sofrem de Câncer. Enquanto estávamos esperando lá fora começou a chover... Eu não podia me mexer e Verônica tinha saído para tomar um lanche. Um senhor que estava com sua mãe me tirou da chuva, enquanto isso Vera vinha chegando desesperada Pensando que eu tinha me molhado toda e eu sorri para ela e disse: “Como é bom tomar banho de chuva, pena que eu não posso...” Continuava vomitando e para piorar a situação tinha ficado com diarréia e tinha me sujado toda... 
Quando chegou a minha vez, fui atendida carinhosamente por Dr. Carlos que disse a medicação que eu iria receber... Disse a ele que eu estava com vergonha por estar suja e ele me disse: “Gilza, não tenha vergonha, isso também poderia acontecer comigo!” Pedi a ele para tomar um banho e ele disse você tem condições de ir até o banheiro. Eu disse: “vamos tentar.”
Verônica me levou quase nos braços, tirou minha roupa suja e me deu um banho. Me senti bem melhor. A partir desse dia comecei a usar fraldas descartáveis. Quase não andava mais...
A auxiliar de enfermagem verificou meus sinais vitais, fez a medicação para parar o vômito, colocou o soro... Dr. Carlos veio novamente e disse: “Gilza, você está com muita ascite, vamos fazer uma parasintese?” E eu respondi que sim... Desta vez, foram retirados 2,5 l (Dois litros e meio) de líquido e mesmo assim a minha barriga continuava distendida...
À noite, após a medicação fomos para casa. Novamente senti muitas dores devido a parasintese...
Verônica gripou e teve que ir embora. No dia seguinte, Fátima Badú veio cuidar de mim...
Continua...

“A nossa alma espera no Senhor: Ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.” Sal.33-20

3 comentários:

  1. Seus escritos são verdadeiros Programas de VIDA! Gilza, sua fé é uma bênçaõ, porque : "Tudo concorre para o bem dos amados de DEUS!"

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  2. Já doei sangue algumas vezes porque penso que não nos custa nada doar algo que, inclusive, nos sobra quando temos saúde. Cada vez que vou doar penso no bem que posso estar fazendo, mas nunca imaginei uma situação como a que você passou... Seria tão bom se todos os capazes perdessem uns minutinhos de suas vidas realizando esse ato de amor!

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  3. Sou doadora de sangue e me emocionei muito quando vc disse que não conhecia o doador mas estava muita grata por ter recebido uma "Doação de Amor"
    Que Deus te abençoe...

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