sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Memórias...




Depois daquele dia 08/12/2012, foi a Natal –RN, para fazer novos exames e estava tudo bem com os resultados mas o médico passou uma tomografia para que fosse feita, informando que tudo estava bem e somente de posse da tomografia poderia diagnóstica. Vale salientar que uma tomografia já tinha sido feita em Caicó-RN, e o médico solicitou uma outra querendo dar mais segurança aos diagnósticos. Ao mesmo tempo, recebeu exames que demonstraram uma pequena alteração nos resultados.
Numa dessas viagens de rotinas médicas sentiu-se mal e foi internada no CSO, para receber medicamentos específicos, enquanto isso  o  mesmo médico solicitou uma outra tomografia, dessa vez para a cabeça.
E as dores de cabeça foram acentuaram-se cada vez e tronando-se mais intensa. Até que numa tarde de sábado do dia 15 de dezembro de 2012, ela me pediu para tomar  um banho e depois comer algo. Levei-a ao banheiro, mas tão logo começou o banho sentiu um desmaio tão forte que se não estivesse atento perto dela teria caído ao chão, consegui levá-la até a cama, enquanto gritei para que minha filha viesse para ajudar-me, e o desespero tomou conta de todos nós porque aquela altura, nem respirava e nem dava sinal de pulsação, chamei várias vezes enquanto chegavam os vizinhos, enfermeiros da maternidade com transporte já preparados para levá-la para currais Novos, cidade pólo de Saúde da Região do Seridó, mas logo me seguida ela retornou e perguntou o que tinha havido e respondi que ela teria dormido. E respondeu que estava tudo bem, e não queria ira a nenhum lugar,  porque já tinha feito  consultas e que a próxima consulta estava marcada com o médico Quimioterapeuta que atendia em Caicó.
O que me deixou mais preocupado ainda foi que naquele dia, logo após o acontecido os seus familiares, duas irmãs e um irmão que moram em Caicó, vieram visitá-la de surpresa e fiquei por deveras preocupado. Tratava-se de uma despedida!
Na terça-feira da semana seguinte, 18 de dezembro de 2012, fomos a Caicó para que fosse feita a consulta que estava previamente marcada. E tão logo feito a consulta os resultados satisfatórios em que o médico de posse dos exames, falou que tudo estava bem e não passava de uma enxaqueca em virtude do calor e viagens para Natal, distante 250 km, mas que já tinha feito os procedimentos necessários para solicitação de novos exames. Chegou a dizer que ela poderia comemorar o Natal em família, tomar um copo de vinho, porque não conhecia fatores em que o problema teria retornado e ainda mais, afetado a cabeça em virtude de que o maldito problema era de origem uterina.(Dados fornecidos por ela e pela irmã Helena que esteve presente à consulta).
Fiquei um pouco mais tranqüilo, mas sempre com uma desconfiança porque as palavras dela com relação ao assunto era sempre de tristeza. Viajamos a tarde para Tenente Laurentino  e como sempre, cantamos juntos o tempo inteiro, conversamos como sempre, uma amizade além de todos os outros momentos, não nego as vezes vinha o pensamento de está participando de uma despedida, até porquê, ao contrário das outras situações, quando orava em comunhão com Deus, na minha visão vinha como se estivesse vendo-a dentro do caixão. Balançava a cabeça e dizia em voz alta, não, não, isso não pode está acontecendo. Meu Deus!
Transcorrido os dias depois da terça-feira,  as dores acentuando-se.
No sábado me pediu para ir lá para o sítio porque queria está num local bem mais tranqüilo, queria deitar na área da casa de Chiquinha, aquela mesma que a acompanhou em 2011 quando aconteceu o milagre que o Senhor Jesus promoveu estourando a barriga dela e fazendo retirar todas as coisas indesejáveis a saúde dela.
Fomos e durante o percurso num local denominado alto da lanchinha ela me perguntou: Chaguinha e o meu pé de Groselha? ( essa planta teria sido levado por ela, trazido de Gargalheiras para que plantasse porque ela gostava muito do fruto Groselha, dizia que lembrava-se da gravidez de Clara,quando sentiu um desejo enorme durante a madrugada e queria a todo custo chupar groselha).
Respondi que aquelas alturas, sem que ninguém estivesse cuidando do sítio, mediante uma seca da qual estamos atravessando, não acreditaria que tivesse  sobrevivido. Também não falou nada  mais.sobre o assunto da planta.
Durante o dia de sábado sentiu muitas dores de cabeça, mas disse que tinha ficado mais satisfeita porque sentiu que diminuíra e por sinal, dormiu bem a noite inteira, quer dizer pelo menos sob os meus olhares porque não conseguia dormir tranqüilo e a observava o tempo inteiro, mas se não dormiu bem pelo demonstrou calma e serena.
No domingo, acordou disse que queira voltar para o sítio e passar o dia por lá, pois estava fazendo muito calor na cidade. Pediu, ainda,  para levá-la para cortar o cabelo, fazer as unhas das mãos e dos pés, e como sempre atendi, pois ela estava tão bem naquele momento. E fez o que queria...   agora durante os trabalhos sentiu dores.
Retornamos ao Sítio de Chiquinha, mas durante o dia acentuou-se de forma tão forte que não me achei em condições de tirá-la e levá-la para a cidade naquele calor escaldante daqueles dias.
A noite fomos para a cidade e já passei direto para a Maternidade e foi atendida recebendo aquilo de praxe e como sempre, soro, etc.
Aquela noite estava preparada para enfrentarmos um sofrimento tão grande, primeiro dela e todos nós que estávamos cuidando, eu e minha filha e os enfermeiros que faziam parte do plantão que aquelas alturas  acredito que nem sequer sabiam o que fazer de tão grade que era a situação. Confessor que tive medo de levá-la para outra cidade, porque primeiro não tinha médicos para atendê-la, nem em Florânia e Currais Novos, nem se fala em virtude do abandono que ora são divulgados pela imprensa sob a Saúde Pública no Brasil.
Entre uma convulsão e outra, cantávamos, orávamos junto com ela e ela com uma paz muito grande mesmo que com todos aqueles sofrimentos. Num determinado momento, disse para uma Senhora chamada Terezinha – professora, que estava cuidando da mãe com problemas de saúde também, que achava que ela não conseguiria. Minha filha cantou todas as músicas da igreja que sabia, a pedido dela e cantava junto com Maria Clara, tudo isso entre uma convulsão de outra.
Esperava pelo menos o dia amanhecer para sabermos o que poderia ser feito. Até que tomei uma decisão que tão logo amanhecesse o dia, levaria para Caicó, para o CSO se lá tivesse em virtude da existência da Liga naquela cidade.
Indaguei: Gilza, vamos para Caicó, lá tem o CSO, será?
Ela respondeu: Vamos...
Mas logo desconfiei da resposta dela porque a conhecia muito bem e somente daria aquela resposta de imediato quando tinha algo mais forte que precisava atingir. Ora,  Caicó é a sua terra natal e localização de todos os seus familiares, mas não coloquei outras evidências, faria qualquer coisa naqueles momentos para  ajudá-la.
E ao amanhecer o dia, tomamos a ambulância e nos dirigimos para Caicó.







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