terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Memórias...






Os fatos mais incríveis começaram a aparecer ainda mais a partir daquele momento em que entramos na ambulância, apenas eu e ela, sentindo-me como se em um depósito fechado, até então nunca tinha entrado numa ambulância nem sequer para ver como era por dentro e qual a sensação de estar ali dentro e passou nos meus pensamentos em como foi dolorido para todas as outras pessoas que tiveram como obrigação passar por aquele tipo de situação. Mas tudo tem sua iniciação... aquilo que mais temia estava acontecendo comigo.
E as portas se fecharam por trás da gente, sabia que estava enfrentando um tipo de situação inusitada, sem experiência para o momento daquela situação.
Disse para ela: Gilza....chegou o nosso momento, temos que ser mais fortes ainda, para enfrentarmos essa situação, temos que chegar em Caicó e torcer para que sejamos atendidos no CSO-LIGA, essa data era dia 24 de dezembro de 2012.
Ela assentiu com a cabeça: que sim...
Mas algo estranho pairava no ar, não havia como negar as emoções, chorei muito naqueles momentos, com o meu rosto parecendo uma pedra sem mover nem, sequer a pestana, para não transparecer que chorava enquanto ela olhava para mim, com um olhar sereno, mas sentia tudo muito distante.
A ambulância ia de um lado para outro, balançava igual a gangorra, olhei em seguida para a janelinha tentei abri-la totalmente, mas abriu apenas uma pequena parte, mas imaginava se tivesse que sentir   enjoos, como seria, até porque não podia soltá-la em nenhum momento porque cairia da maca que nem sequer as amarras haviam para se ter segurança no percurso.

"Orei,... Senhor Nosso Deus, Pai Amado aqui começa a subida do nosso calvário, não sei como será nem tampouco o que se processará, mas o Senhor sabe todas as coisas, cuida de nós e nos daí forças, sei que vou precisar e muito, não nos abandoneis a revelia apenas da sorte, mas descei com os vossos santos anjos e ajudai-nos. Que seja feita a Tua vontade e não a nossa, falo por mim e por ela que nesse momento entrega-se apenas aos vossos desígnios. Assim por tudo vos agradeço".

Entre pequenas convulsões e outras fomos trilhando o caminho que se daria ao Monte, o calvário, pois acredito que todos esses momentos para todos aqueles que passam pela transição, um novo renascimento é sempre um calvário e que sem esses momentos sem os sofrimentos de Cristo, não serão momentos de verdadeira adoração e aceitação, ou seja, o Sim, o Eu quero, o Eu Sou Contigo, o Eu e o Pai Somos Um, a Integração no Amor Maior; O Pai em Tuas Mãos Eu entrego o Meu Espírito, O Caminho, A verdade e a Vida. A certeza que logo após o Sim, e pender sua cabeça em direção ao coração, haja o renascimento no mundo espiritual, junto com Cristo e abrigado pelos Anjos, em sons de  harpas celestiais, sinfonia do vento, na união dos quatro elementos representados da Água, do Ar, da Terra e do Fogo. “E Tu, oh criatura que se entrega ao  Éter, Sois o amor, o Quinto Elemento, o Elemental que faltava para entrar no Reino dos Céus transformando a Tua Quarta Dimensão num Salto Quântico, o Reino da Luz,  o agora inspiro Luz e não mais oxigênio. Agora o Eu Sou, não mais o Eu Sou o que Sou, mas o  Eu Sou, com Cristo.
Conversei com ela o tempo inteiro, mas apenas eu falava e ela ouvia sem expressar quaisquer movimentos de assentir ou não minhas conversas, mas apenas silêncio, entre um  convulsão pequenas e outras. Até que sentiu uma convulsão tão forte que durou, acho que vários minutos e apagou de vez, nem respiração, nem pulsação, mais nada, e tinha a certeza que tinha morrido nos meus braços, entre as minhas lágrimas e gritos do não,  por favor não, aquelas sensações que não sabemos explicar e que somente acontecem quando essas situações também acontecem, uma sensação de impotência, de entrega total também, do não mais existir também, do está tudo acabado. Morreu... disse, mas tenho que continuar e ir até Caicó para que o médico possa dar o laudo e depois retornar para Tenente Laurentino Cruz-RN. No momento desse acontecido faltavam ainda uns 40 minutos talvez para chegar em  Caicó, acho que sim não tenho condições de precisar, mas avalio esse tempo de distância.
Morta em meus braços, assim estava, pensava nas  nossas filhas, nos familiares dela, em como daria a notícia ao meu Pai que tinha naquela criatura uma singelo amor e ela por ele. Passava pela minha cabeça, tudo em poucos segundos.
O que fazer Meu Deus num momento como aquele.?
Cantei, orei, chorei, conversei em alta voz com ela até que comecei a pedir perdão,  até ´ mesmo das coisas que não conhecia ou sentia, ou que tinha deixado de fazer, ou que não tinha errado, sei lá o negócio é meio esquisito mesmo. É uma iniciação que somente aqueles que passam sentem a sensação da essência do manipular com coisas espirituais vivas e não mortas.
Estava entrando em Caicó, avistei algumas casas e disse: Gilza minha filha como isso pode nos acontecer, precisava ainda conversar com você, como será de mim sem você para cuidar de nossas filhas, por  favor eu lhe peço volte a vida, retorne em Nome do Senhor Jesus, e disse três vezes, a mesma coisa, não queria deixá-la ir embora assim, sem nem sequer um “oi, já vou fique com Deus". Quem poderá entender num momento desses as minhas atitudes...
Logo em seguida,  senti ela tomar uma inspiração entrecortada... levantou a mão esquerda e com o polegar em forma de “ta legal”, em seguida fechou o punho bem forte balançando a mão e depois espalmou a mão com o polegar voltado para o centro da palma da mão, apenas com os quatro dedos estendidos. Não falou mas,  senti, me dizer: “Estou viva ainda, estou lutando e tenha paciência comigo”.Uma alegria momentânea  tomou conta de mim...
Peguei o celular liguei para a irmã dela Helena, para que ela estivesse me esperando no Hospital, apenas reafirmando porque já tinha mantido contato com ela e aguardava apenas o  nosso percurso ser concluído.


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