Os fatos mais
incríveis começaram a aparecer ainda mais a partir daquele momento em que
entramos na ambulância, apenas eu e ela, sentindo-me como se em um depósito
fechado, até então nunca tinha entrado numa ambulância nem sequer para ver como
era por dentro e qual a sensação de estar ali dentro e passou nos meus
pensamentos em como foi dolorido para todas as outras pessoas que tiveram como
obrigação passar por aquele tipo de situação. Mas tudo tem sua iniciação... aquilo que mais temia estava acontecendo comigo.
E as portas se
fecharam por trás da gente, sabia que estava enfrentando um tipo de situação
inusitada, sem experiência para o momento daquela situação.
Disse para ela:
Gilza....chegou o nosso momento, temos que ser mais fortes ainda, para
enfrentarmos essa situação, temos que chegar em Caicó e torcer para que sejamos
atendidos no CSO-LIGA, essa data era dia 24 de dezembro de 2012.
Ela assentiu com
a cabeça: que sim...
Mas algo
estranho pairava no ar, não havia como negar as emoções, chorei muito naqueles
momentos, com o meu rosto parecendo uma pedra sem mover nem, sequer a pestana,
para não transparecer que chorava enquanto ela olhava para mim, com um olhar
sereno, mas sentia tudo muito distante.
A ambulância ia
de um lado para outro, balançava igual a gangorra, olhei em seguida para a
janelinha tentei abri-la totalmente, mas abriu apenas uma pequena parte, mas
imaginava se tivesse que sentir enjoos, como seria, até porque não podia
soltá-la em nenhum momento porque cairia da maca que nem sequer as amarras
haviam para se ter segurança no percurso.
"Orei,... Senhor Nosso
Deus, Pai Amado aqui começa a subida do nosso calvário, não sei como será nem
tampouco o que se processará, mas o Senhor sabe todas as coisas, cuida de nós e
nos daí forças, sei que vou precisar e muito, não nos abandoneis a revelia
apenas da sorte, mas descei com os vossos santos anjos e ajudai-nos. Que seja
feita a Tua vontade e não a nossa, falo por mim e por ela que nesse momento
entrega-se apenas aos vossos desígnios. Assim por tudo vos agradeço".
Entre pequenas
convulsões e outras fomos trilhando o caminho que se daria ao Monte, o
calvário, pois acredito que todos esses momentos para todos aqueles que passam
pela transição, um novo renascimento é sempre um calvário e que sem esses
momentos sem os sofrimentos de Cristo, não serão momentos de verdadeira
adoração e aceitação, ou seja, o Sim, o Eu quero, o Eu Sou Contigo, o Eu e o
Pai Somos Um, a Integração no Amor Maior; O Pai em Tuas Mãos Eu entrego o Meu
Espírito, O Caminho, A verdade e a Vida. A certeza que logo após o Sim, e
pender sua cabeça em direção ao coração, haja o renascimento no mundo
espiritual, junto com Cristo e abrigado pelos Anjos, em sons de harpas celestiais, sinfonia do vento, na união
dos quatro elementos representados da Água, do Ar, da Terra e do Fogo. “E Tu,
oh criatura que se entrega ao Éter, Sois
o amor, o Quinto Elemento, o Elemental que faltava para entrar no Reino dos
Céus transformando a Tua Quarta Dimensão num Salto Quântico, o Reino da Luz, o agora inspiro Luz e não mais oxigênio. Agora
o Eu Sou, não mais o Eu Sou o que Sou, mas o Eu Sou, com Cristo.
Conversei com
ela o tempo inteiro, mas apenas eu falava e ela ouvia sem expressar quaisquer
movimentos de assentir ou não minhas conversas, mas apenas silêncio, entre um convulsão pequenas e outras. Até que sentiu
uma convulsão tão forte que durou, acho que vários minutos e apagou de vez, nem
respiração, nem pulsação, mais nada, e tinha a certeza que tinha morrido nos
meus braços, entre as minhas lágrimas e gritos do não, por favor não, aquelas sensações que não
sabemos explicar e que somente acontecem quando essas situações também
acontecem, uma sensação de impotência, de entrega total também, do não mais
existir também, do está tudo acabado. Morreu... disse, mas tenho que continuar
e ir até Caicó para que o médico possa dar o laudo e depois retornar para
Tenente Laurentino Cruz-RN. No momento desse acontecido faltavam ainda uns 40
minutos talvez para chegar em Caicó,
acho que sim não tenho condições de precisar, mas avalio esse tempo de
distância.
Morta em meus
braços, assim estava, pensava nas nossas
filhas, nos familiares dela, em como daria a notícia ao meu Pai que tinha
naquela criatura uma singelo amor e ela por ele. Passava pela minha cabeça,
tudo em poucos segundos.
O que fazer Meu
Deus num momento como aquele.?
Cantei, orei,
chorei, conversei em alta voz com ela até que comecei a pedir perdão, até ´ mesmo das coisas que não conhecia ou
sentia, ou que tinha deixado de fazer, ou que não tinha errado, sei lá o
negócio é meio esquisito mesmo. É uma iniciação que somente aqueles que passam
sentem a sensação da essência do manipular com coisas espirituais vivas e não
mortas.
Estava entrando
em Caicó, avistei algumas casas e disse: Gilza minha filha como isso pode nos
acontecer, precisava ainda conversar com você, como será de mim sem você para
cuidar de nossas filhas, por favor eu
lhe peço volte a vida, retorne em Nome do Senhor Jesus, e disse três vezes, a
mesma coisa, não queria deixá-la ir embora assim, sem nem sequer um “oi, já
vou fique com Deus". Quem poderá entender num momento desses as minhas
atitudes...
Logo em seguida, senti ela tomar uma inspiração entrecortada...
levantou a mão esquerda e com o polegar em forma de “ta legal”, em seguida
fechou o punho bem forte balançando a mão e depois espalmou a mão com o polegar
voltado para o centro da palma da mão, apenas com os quatro dedos estendidos. Não falou mas, senti, me dizer: “Estou viva ainda,
estou lutando e tenha paciência comigo”.Uma alegria momentânea tomou conta de mim...
Peguei o celular
liguei para a irmã dela Helena, para que ela estivesse me esperando no
Hospital, apenas reafirmando porque já tinha mantido contato com ela e aguardava
apenas o nosso percurso ser concluído.
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