segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tive alta...


Fui para a casa de Fátima (Neném) e lá todos me receberam com muito carinho... Tinha medo de ser rejeitada, pois apesar de sermos esclarecidos, quando você se depara com uma doença como o Câncer, a insegurança bate muito forte... Todos me abraçavam, me acolhiam com imensurável atenção e carinho. Monique foi essencial! A “Nega” conversava comigo, trocava o curativo, falava sobre a quimioterapia, sobre a doença... Um dia perguntei: Monique, Câncer pega? Eu já sabia que não é uma doença contagiosa, que não pega, mas eu precisava ouvir essa resposta de outra pessoa. Monique e Tásio, que é namorado dela e está se formando em Medicina, me disseram: “Câncer não pega e nada seu vai ser separado. Vamos ficar juntos nessa batalha”. Fiquei tão aliviada... Certo dia, Monique estava comendo um macarrão e eu disse: “Ai que vontade”, ela naturalmente me deu um pouco daquela comida, na mesma colher, eu recuei e ela disse: “deixe de besteira, que o perigo aqui sou eu transmitir alguma coisa pra você”. Mais uma vez agradeci a Deus por estar ali!
Os dias foram passando e aguardávamos ansiosos pelo chamado para a quimioterapia. No dia 04 de dezembro, fui para o CECAM acompanhada de Chaguinha e Toinho. Estava tão nervosa, chorava incontrolavelmente... Cheguei ao salão de espera da quimioterapia e não me controlava, não sabia o que pensar, apenas chorava... Chaguinha sempre ao meu lado, me apoiava, me dizia que tudo ia dar certo... Entrei e fiquei em uma poltrona, as enfermeiras Cristiana e Janaína me acompanhavam, me explicavam o processo pelo qual ia passar... Colocaram o primeiro soro, este com o remédio para enjôo, o segundo soro com um remédio protetor do estômago e o anti-alérgico, por fim o primeiro coquetel, este monitorado por um pequeno computador. Quando a primeira gota de química entrou na minha corrente sanguínea, aconteceu um processo alérgico. Senti vontade de vomitar, náusea, dores, muitas dores nas costas, na cabeça e depois por todo o corpo, fui desfalecendo e imediatamente a enfermeira Janaína fechou o soro, colocando outro para lavar as veias. Chamaram Chaguinha em particular e disseram que iam me dar outro antialérgico mais forte e fazer uma segunda tentativa, pois não tinham certeza de que eu iria conseguir. Graças a Deus, fui ficando mais calma, as outras pessoas que estavam na mesma sala que eu me davam força e diziam que tudo ia dar certo. Consegui finalmente tomar a primeira quimio. No final do dia, mais ou menos 6 ou 7 horas da noite fui para casa. Me sentia muito cansada... E a partir de então vieram as reações, muitas reações.
Comecei a vomitar no outro dia bem cedo. Vomitava sem parar... Isso aconteceu durante oito dias. Depois veio a diarréia, mais oito dias, já estava muito fraca. Não conseguia comer e por isso tive de ir várias vezes para o hospital Luiz Antônio, precisava tomar soro para me fortificar. E o meu cabelo? Será que não vai cair? Com justos quinze dias da primeira quimio, os primeiros fios de cabelo começaram a cair...
Continua...

sábado, 2 de julho de 2011

Viver....


 
O que é a vida? Uma pergunta de tantas respostas e talvez sem nenhuma, pelo menos que possamos dizer imediatamente. Mas, tem muito o que se pode falar sobre Viver e é na simplicidade onde encontramos o melhor.
Viver é sentir o sabor existente em um gole d’água;
Viver é sentir o vento em seu rosto;
Viver é um abraço gostoso nos filhos;
Viver é um olhar carinhoso da pessoa amada;
Viver é sorrir do nada, por nada...
Viver é andar sem pressa de chegar;
É comer o que se gosta,
Ouvir a música do tempo, do espaço,
É o recomeço de todas as manhãs.
É o amor de Deus se mostrando a você da forma mais singela...
É o cantar dos pássaros a te acordar,
É a certeza de que uma vida nova se tem a cada alvorecer.
Gilza Medeiros

A Recuperação


Já estava anoitecendo, quando cheguei à enfermaria. Um turbilhão se passava pela minha cabeça. O que tinha acontecido? Será que eu já estava curada? Santa inocência, às vezes acho que sou uma criança, que tudo é muito fácil... À noite, Dra. Arianne veio me ver, acariciou meus cabelos, num gesto de carinho e me chamou baixinho, Gilza... Levantei a cabeça e sorri. Ela foi enfática: “Gilza, disse ela, você viu que não fizemos nada, ela se referia a colostomia, e agora, temos que correr com a quimioterapia. Não entendi bem, mas fiquei tranqüila. Continuava com a sonda no nariz, sem comer, sem beber água... Sentia muita vontade de tomar água. Chaguinha, ligava para uma menina que acompanhava a mãe dela para saber notícias. Eu só podia receber visitas uma vez por dia. E como custava a chegar o horário das visitas. Vieram, para a minha surpresa Bernadete e Margarida, minhas irmãs que moram em São Paulo. Maria Clara e Chaguinha, Fátima (Neném), Monique, Marina, Silmara... Todos me dando força. E eu continuava lá. Certo dia, tive tanta vontade de ir para casa, de tomar água que pedi a Deus que me mandasse uma resposta se Ele estivesse me vendo, me acompanhando... E o mais interessante nessas horas é que nós fazemos a resposta. (Risos) E a resposta que eu queria era tomar água, então ficava olhando pela porta e quando o rapaz que servia o lanche chegou, entregou a todo mundo e ai eu perguntei e eu? Ele disse, pra você ainda não tem nada. Chorei desesperada. Foi quando entrou pela porta uma freira, não sei o nome dela, veio em minha direção e me acariciou. Foi incrível, ela disse “minha filha, "Deus está te carregando no colo”. Levantei a cabeça e pensei: esta é a resposta que eu pedi. Agora eu chorava de felicidade.
Quando vieram tirar a sonda do meu nariz, todos da enfermaria ficaram em silêncio e quando o procedimento acabou ouvir uma grande salva de palmas... Ficamos felizes e veio meu primeiro gole d’água. Quem disse que água não tem gosto? É indescritível, mas é muito gostoso... Tive alta e fui pra casa... 
Continua...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nem tudo é fácil.

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste. 
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia. 
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua. 
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo. 
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar. 
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo. 
Se você errou, peça desculpas... 
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado? 
Se alguém errou com você, perdoa-o... 
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender? 
Se você sente algo, diga... 
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar 
alguém que queira escutar? 
Se alguém reclama de você, ouça... 
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz? 
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível 
Precisamos acreditar, ter fé e lutar 
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos, 
realidade!!!
Cecília Meireles

Cirurgia II


Fiquei internada no Hospital Luiz Antônio, Natal (RN), sem direito a acompanhante, pois não tenho idade para isso, somente pessoas com mais de sessenta anos tem esse direito. Encontrei pessoas legais, que me ajudaram muito... Estava com uma sonda no nariz que ia até o meu intestino para tirar a secreção da barriga, mas que não adiantava muito, somente me maltratava. Fiquei sem comer, sem tomar água durante alguns dias...
Fui para a sala de cirurgia sabendo que sairia de lá com uma bolsa de coloscopia, rezei, pedi a Deus que não permitisse que acontecesse, pois eu via o sofrimento das minhas colegas de enfermaria... Deus mais uma vez ouviu minhas preces. Entrei na sala de cirurgia, tentando respirar profundamente afim de me tranqüilizar. Dr. Carlos e Dra. Arianne falaram comigo e perguntaram se eu estava bem, respondi que sim e só acordei quando as enfermeiras estavam tirando o tubo respiratório da minha boca. Me passaram para uma maca e me colocaram em um corredor, abri os olhos devagar, sem pressa, passei as mãos pela minha barriga afim de encontrar a bolsinha, mas nada senti, pensei: será que eu morri? Imediatamente comecei a escutar uma melodia, bem conhecida que dizia assim...
Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você... nem mesmo o céu, ou as estrelas, nem mesmo o mar ou o infinito, nada é maior nem mais bonito. Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar como é grande o meu amor por você...”
Lágrimas caíram dos meus olhos e eu disse: Obrigada meu Jesus, eu estou viva!
Continua...

Reflexão‏


Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido se agarrar à parte dos destroços para poder ficar boiando.
Este único sobrevivente foi parar em uma pequena ilha desabitada e fora de qualquer rota de navegação, e ele agradeceu novamente.
Com muita dificuldade e com os restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse se proteger do sol, da chuva, de animais e para guardar seus poucos pertences, e como sempre agradeceu.
Nos dias seguintes a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.
No entanto um dia quando voltava da busca por alimentos, ele encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça. Terrivelmente desesperado ele se revoltou, gritava chorando: "O pior aconteceu! Perdi tudo! Deus, por que fizeste isso comigo?" Chorou tanto, que adormeceu, profundamente cansado.
No dia seguinte bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.
"Viemos resgata-lo", disseram.
"Como souberam que eu estava aqui?", perguntou ele.
"Nós vimos o seu sinal de fumaça"!
É comum sentirmo-nos desencorajados e até desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e sofrimento. Lembre-se: se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até você a Graça Divina. Para cada pensamento negativo nosso, Deus tem uma resposta positiva”.
Autor Desconhecido

A reação após o diagnóstico

E agora? Quais são os próximos passos?
“O Câncer de Ovário é muito difícil de ser diagnosticado, pois os sintomas são abdominais e como no meu caso, muitas vezes é confundido como algum problema intestinal”.
Chaguinha, meu companheiro,meu marido, meu amor.. me deu a notícia e eu reagi bem, depois desabei... um turbilhão de pensamentos vinham a minha mente... e agora? Quanto tempo terei?
Voltei ao consultório de Dr. José Fernandes e o mesmo me deu as orientações e os passos a seguir. Fui encaminhada para uma ginecologista em Natal, Dra. Arianne. Os dias que passei em casa recebi muitas visitas, amigos, pessoas que mal tinha contato vieram prestar sua solidariedade, isso foi muito importante para mim, sentia-me querida! Os dias iam se passando e a angustia tomava conta de mim, tentei ser forte, mas os pensamentos vinham. Um dia, quando tomava banho, lavava os cabelos e me deparei pensando quando iam cair... Ia passar um bom tempo sem lavá-los de novo...
Vim para Natal, sempre acompanhada de Chaguinha, que foi essencial para mim... apoio, firmeza! Ao chegar no consultório de Dra. Arianne, a surpresa, tinha que fazer uma nova cirurgia, pois a primeira não tinha sido completa. Cai! Desabei... Ela nos explicou os procedimentos e me deu uma relação de exames que teria de fazer, risco cirúrgico, inclusive, a danada da colonoscopia. Quando fui fazer a colonoscopia tive uma parada cardíaca, e ai veio uma suspeita de tumorização retal-intestinal. Fui para mais uma cirurgia de urgência...
(Continua...)

Ontem, dia 30 de Junho, fui à Liga mostrar meus exames. Hemograma e a Tomografia que fiz na segunda-feira. Fiquei no salão de espera e muitas coisas se passavam em minha cabeça. Como cheguei ali? Hoje eu estava só. Por um lado isso é bom, pensei, pois significa que estou bem. Por outro lado, bate a velha insegurança... Passei a observar as pessoas que passavam por ali, olhava as que estavam ao meu lado e pensava... Quem somos nós? Cada um com um problema diferente, maior ou menor do que o meu, mas que pode ser resolvido pelo médico dos médicos. Pensei muitas coisas... Na minhas filhas, meu marido, minhas irmãs, meus amigos, na minha gata “Mimosa” que está lá no sítio, bateu uma saudade da bichinha... Fui atendida às 11 horas e depois de um mês Dr. Rodrigo me parabenizou a primeira vez por minha imunidade ter subido e a minha aflição maior, a tomografia: Ótimo resultado! Não foi diagnosticado mais tumores, apenas uma aderência na cirurgia e um pouco de hérnia. Fui internada ao meio dia para a última sessão de quimio. Iglê, minha irmã, veio ficar comigo. Passamos uma tarde de alegria!!!